por Rosa Farah – psicóloga componente do NPPI
Ao contrário dos seus pais e professores, a geração dos chamados nativos digitais – agora em plena adolescência – parece ser dotada de habilidades inatas para manejar as máquinas informatizadas. Exploram o universo virtual como se circulassem em um grande parque de diversões, reinventando a cada dia suas formas de comunicação e expressão.
Dentre essas, destacam-se no momento as chamadas ‘redes sociais’ (Facebook e Orkut, entre outros) nas quais os jovens partilham seu cotidiano, suas experiências e descobertas. Por essa via, seus registros pessoais – possivelmente ilustrados com fotos e vídeos – se abrem para um público cuja dimensão é difícil de ser avaliada.
Se bem conduzidas, essas experiências podem se tornar ricas, como exercícios de comunicação e autoafirmação dos jovens internautas, na medida em que se constituem não apenas como atividades lúdicas e inventivas, mas também como possíveis fontes de prestígio e popularidade junto aos seus pares. No entanto, essa notável habilidade no manejo das ferramentas de comunicação disponíveis na WEB nem sempre é acompanhada pela maturidade emocional necessária para que os autores possam avaliar o grau de autoexposição contido nessas publicações. Isso porque eles não desenvolveram ainda o senso crítico suficiente para identificar os riscos aos quais se expõem ao diluir, de forma ingênua, os limites entre o público e o privado de suas vidas. Mesmo que tais riscos se restrinjam, na maior parte das vezes, ao arrependimento por ter publicado ‘aquela foto’ ou aquela determinada ‘declaração’ no imenso mar de dados da WEB.
Cabe então destacar a importância do acompanhamento participativo das atividades dos jovens internautas por parte dos adultos que os rodeiam, ainda que, para tanto, pais e educadores tenham que vencer seus próprios limites no manejo das novas tecnologias. Mas, para tanto, é necessário que os adultos envolvidos compreendam que exercer essa função não significa apenas cercear o acesso dos jovens ao universo virtual. Isso porque, face à ampliação crescente das vias de acesso à Internet, a mera restrição do tempo ou do tipo de navegação – embora seja uma providência muitas vezes necessária para crianças menores – nem sempre é medida suficiente. É preciso que os adultos assumam também o papel de orientadores da qualidade do uso que seus filhos (ou alunos) possam vir a fazer da grande rede.
Mas, muitos adultos, em boa parte por se sentirem inábeis no trato com o aparato tecnológico atual se sintam também incapazes de exercer essa função. Assim surge a questão: “Como vencer esses limites?”
A resposta mais simples e eficiente é: acompanhando e participando das atividades virtuais dos jovens, com interesse genuíno (e não apenas uma atitude repressora) e aproveitando essa proximidade participativa para aprender com eles a navegar na virtualidade. Desse modo poderá ser cultivada uma real parceria, amorosa e atenta, por meio da qual os próprios adultos naturalmente acabarão por colocar sua experiência de vida a serviço do entusiasmo e das habilidades juvenis.