por Elisandra Vilella G. Sé
É muito comum associarmos o avanço das ciências da informação e novas tecnologias aos jovens. O grande avanço do mundo informatizado tem se tornado um grande desafio para todas as fases da vida.
Quem nunca se embaraçou no caixa eletrônico ou com o manuseio do novo DVD, celular, eletrodoméstico, brinquedos dos filhos e netos, uso da internet para pagamento de contas, compra e venda de produtos, etc…
Entretanto, o progresso da tecnologia tem sido no decorrer da evolução sócioeconômica das nações o elemento-chave que impulsiona as sociedades para a melhoria dos padrões de subsistência; um instrumento relevante que conduz à expansão das oportunidades.
Nossa vida está marcada pela revolução da informática, da robótica e da microeletrônica. Cada vez mais estamos dependentes das máquinas eletrônicas e daí a necessidade da criação de estratégias que viabilizem a inclusão do segmento idoso no mundo tecnológico.
O avanço tecnológico, ao mesmo tempo que promove melhorias para a população, também propicia uma forma de exclusão, a digital. A exclusão digital no Brasil ocorre de acordo com as diferenças regionais, acompanhado da desigualdade social e serviços de cada região do país. Um dos segmentos mais atingidos é a população idosa.
Embora ainda sejam raros os projetos de formação para inclusão digital para os velhos, existem programas de extensão que oferecem cursos de informática pra idosos que costumam ter demanda significativa em instituições não-governamentais e nas Universidades Abertas à Terceira Idade.
A relação entre envelhecimento e a inclusão digital se dá por razões demográficas, uma vez que o fenômeno do envelhecimento se torna cada vez mais relevante no cenário mundial e por razões sociais e cognitivas. Com o aumento da população idosa e o alcance da longevidade torna-se necessário ampliar as relações intergeracionais no que concerne à inclusão digital.
A inserção rápida de jovens no mundo informatizado podem sociabilizar os idosos com a tecnologia através das relações intergeracionais. Em qualquer faixa etária a inclusão digital traz benefícios, tais como, informação rápida, aquisição de novos conhecimentos, atualização de conhecimentos gerais, ampliação das redes de relações, sociabilidade, conectividade com a contemporaneidade, melhoria da autoestima e autoeficácia.
Porém, temos que estar atentos com os prejuízos como falta de exercícios físicos, isolamento da rede de amigos, problemas de saúde por postura inadequada no computador, que deve ser visto com grande atenção.
Muitos idosos não têm motivação para se inserir no mundo informatizado, às vezes por achar que é um obstáculo, outras por não perceberem a importância da inclusão digital e também por achar que o conhecimento do manuseio de aparelhos eletrônicos é uma tarefa que é mais fácil ser designada aos jovens.
Além disso, têm os que ficam constrangidos por não saber usar os equipamentos eletrônicos e correm o risco de passar por situações violentas, como os que são assaltados nos caixas eletrônicos.
Há ainda o preconceito refletido em todas as idades, de que o aprendizado de coisas novas não ocorre na velhice. O que é um engano, pois o aprendizado de coisas novas, a agilidade mental não é uma característica típica do jovem. O processo de aprendizagem não se interrompe na velhice.
Quando se constata déficits na aprendizagem dos idosos para a informática, estes estão relacionados mais a fatores emocionais, como insegurança, baixa autoestima, fatores psíquicos, pedagógicos e a fatores pessoais, do que ao processo de envelhecimento em si.
Precisamos perceber as pessoas idosas como sujeitos cognitivamente ativos e a educação como um processo contínuo, que não ocorre somente no período escolar, nos anos da infância e juventude, mas da infância à vida adulta e à velhice.
O acesso da população idosa na era digital possibilita a manutenção de seus papéis sociais, do exercício de cidadania, a autonomia, o acesso a uma sociedade dinâmica e complexa, mantendo a mente ativa.
No entanto, a inclusão digital é um problema de toda a vida, requer políticas educacionais que permitam a alfabetização digital, pois as inovações tecnológicas avançam de uma forma acelerada, o que vai exigir um processo de atualização cada vez mais rápido da sociedade como um todo, para acompanhar as mudanças que irão influenciar no nosso cotidiano, como serviços e equipamentos cada vez mais sofisticados que irão exigir conhecimento e agilidade.
Muitas pessoas idosas demonstram vitalidade para aproveitar o presente, para aprender coisas novas, projetar metas futuras, buscando boa qualidade de vida, mantendo uma vida produtiva e efetiva.
Assim torna-se necessário uma educação gerontológica – conhecimento especializado sobre o processo de envelhecimento – com metodologias de ensino que viabilizem estratégias para a inserção do idoso na contemporaneidade, em especial a inclusão digital, sem deixar de lado o espírito ético do desenvolvimento do ser humano, sem perder de vista a riqueza das relações sociais “ao vivo e a cores”, pois uma máquina por mais “inteligente” que seja, nunca substituirá eficazmente a atividade mental e criativa do homem.