Índices de mortalidade por doença cardíaca são maiores pela manhã, indicam estudos

Da Redação

Um alerta aos hipertensos e potenciais vítimas de distúrbios cardiovasculares: controlar a pressão arterial, especialmente no período da manhã, é mais que necessário, pode ser determinante para a sobrevivência. É o que sinalizam os mais recentes estudos científicos em todo o mundo, que chegaram à conclusão de que o pico de incidência de eventos cardiovasculares está associado à elevação da pressão arterial que ocorre ao despertar e ao iniciar as atividades do dia.

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Conhecido no universo acadêmico como elevação matinal da pressão arterial, esse tipo de evento pode ser fatal para o hipertenso. Cerca de 85% das vítimas de derrame sofrem de pressão alta; entre as vítimas de infarto do miocárdio, de 40% a 60% têm hipertensão associada. Outros distúrbios mais freqüentes relacionados a pacientes hipertensos são a isquemia miocárdica e a morte súbita de origem cardiovascular, que tem vitimado um número cada vez maior de pessoas com perfis diversos – inclusive jovens e atletas.

Estudos

*Estudos evidenciam que a morbidade e mortalidade por doença cardíaca isquêmica são muito mais elevadas entre 08h00 e 12h00. Para o cardiologista Otávio Rizzi Coelho, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (São Paulo), tratar a hipertensão pode reduzir em 40% as chances de morte por derrame cerebral e em 20% por infarto do miocárdio. “O medicamento ideal da hipertensão é o que permite o controle da pressão ao longo de 24 horas, protegendo o paciente durante todo o dia, inclusive nas primeiras horas da manhã”, afirma o especialista, ressaltando ainda que um dos principais benefícios do tratamento é o de evitar a ocorrência do derrame cerebral.

A incidência do infarto do miocárdio (IAM) pela manhã, com pico em torno das 09h00 horas, é três vezes superior à incidência no período noturno, segundo pesquisadores. Estudos sobre a ocorrência de morte súbita revelam a incidência crescente desse evento após as 3 horas da manhã, com pico às 9 horas, decrescendo depois das 15 horas.

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Importância do tratamento

Comparações estatísticas da ocorrência de acidentes cardiovasculares no período matutino apontaram a elevação gradativa da pressão arterial como fator decisivo na freqüência dos acidentes. Os médicos alertam que as chances de sofrer um derrame ou ataque cardíaco são maiores ainda para os hipertensos. A Sociedade Brasileira de Hipertensão estima que 26 milhões de brasileiros são hipertensos e somente cerca de 2,7 milhões estão em tratamento. Conhecida como “doença silenciosa”, por não apresentar sintomas evidentes, o desconhecimento da condição clínica é um dos principais agravantes que impedem o tratamento adequado. “Pior são os que sabem ser hipertensos e não iniciam ou abandonam o tratamento antes do período indicado”, alerta Rizzi.

De acordo com informações do Ministério da Saúde, 21,6% da população com 18 anos ou mais é hipertensa. Isso representa cerca de 26,5 milhões de pessoas que sabem que têm a doença: destas, apenas 5.076.631 estão no Sistema Nacional de Cadastro e Monitoramento de Hipertensos e Diabéticos (Sis-Hiperdia).

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A hipertensão em números

Caracterizada pela elevação da pressão do sangue nas artérias, a doença atinge 600 milhões de pessoas no mundo inteiro. Uma pessoa é considerada hipertensa quando possui pressão arterial igual ou maior que 14 por 9 com certa freqüência. A doença ocorre devido à contração dos vasos sanguíneos arteriais, por onde o sangue circula. Em alguns pacientes as causas da hipertensão permanecem desconhecidas e somente em 5% dos casos é possível a identificação definitiva do agente causador: alterações ou obstruções das artérias renais. O problema se manifesta geralmente a partir dos 30 anos e atinge tanto homens quanto mulheres.

Dados sobre mortalidade do Ministério da Saúde (2004) registram 265 mil mortes por doenças do aparelho circulatório, o que representa 30% das causas de morte dos brasileiros. Metade delas está relacionada à hipertensão não-controlada. Relatório anual da OMS (World Health Report 2003) aponta a hipertensão como o terceiro principal fator de risco associado à mortalidade mundial: perde apenas para sexo inseguro e desnutrição. A hipertensão está presente em 5% dos 70 milhões de crianças e adolescentes no Brasil: são 3,5 milhões de crianças e adolescentes que precisam de tratamento. Diversos estudos levantaram a prevalência da hipertensão juvenil. No Rio de Janeiro ela está em torno de 7%. Em Belo Horizonte e Florianópolis é de 12%. Em Salvador, 4% das crianças e adolescentes têm hipertensão arterial.

*Recentemente, foram divulgados os resultados de um grande estudo para avaliar a prevenção do AVC e do infarto. O estudo que avaliou dados de proteção cardiovascular, denominado ONTARGET, contou com mais de 31 mil pacientes em mais de 40 países, distribuídos em 700 centros de pesquisa em todo o mundo, durante um período de observação de 5,5 anos. No Brasil, foram envolvidos 1.156 pacientes, distribuídos em 26 centros de pesquisas

*Understanding the morning rise in blood pressure.
Head GA, Lukoshkova EV.
Neuropharmacology Laboratory, Baker Heart Research Institute and Monash University Department of Pharmacology, Melbourne, Australia. Geoff.Head@baker.edu.au
J Clin Hypertens (Greenwich). 2008 Feb

*The morning blood pressure surge: therapeutic implications.
Patel PV, Wong JL, Arora R.
Department of Cardiology, Chicago Medical School at the Rosalind Franklin University of Medicine and Science, North Chicago, IL 60064, USA.