Os mantras familiares são implantados profundamente durante a infância. Estes decretos formam a autoestima, a base para o desenvolvimento cognitivo e da personalidade.
Crianças aprendem por imitação e são como espelhos inconscientes das pessoas ao seu redor. As impressões que a criança recebe nos sete primeiros anos atuam como em nenhuma outra fase da vida. Elas absorvem impressões sensoriais, disposições anímicas e convicções morais do meio ambiente tão profundamente, que essas impressões chegam a atuar na formação dos órgãos corporais. Ambientes harmoniosos e amorosos, estimulam órgãos sadios.
Muitos pais sofrem uma inflação do ego frente à fé infantil, sentem-se maiores do que são e oferecem um mundo cheio de contradições, ignorante, inconsequente e contrário às mais simples percepções. Falas carregadas de emoção e autoridade podem desmerecer características da criança e definir modelos rígidos, podando dons, espontaneidade e criatividade. Mantras como: “Você é muito desajeitado”, “Menino não chora”, “Bateu, levou” não são incomuns.
A estabilidade emocional e a confiança guardam relação com a qualidade da relação afetiva familiar. É comum que privações na infância se convertam em “mantras” de vitimização e traumas associados à memória de abandono. A criança rejeitada ou abandonada pode criar decretos como: “Não mereço amor” ou “O amor não é duradouro”, “Minha presença cria separação”.
Decretos: quais são as consequências?
Estes “decretos” podem ser acionados em circunstâncias similares à experiência vivida na infância e serem acompanhados pelo medo da repetição da experiência original. Neste contexto, qualquer mudança passa a ser uma ameaça à identidade.
Brinquedos, filmes e contos podem reforçar estes estereótipos, como as princesas jovens e belas nos contos de fadas à espera do príncipe, heroico e rico. Casar é o único caminho! A identidade de gênero é um desafio a ser enfrentado. Também não há princesas gordas, exceto a do desenho Shrek que decide ser uma ogra para se adaptar ao marido ogro.
Na escola, ocorre de “mantras” reforçarem a competitividade e o medo. Várias linhas pedagógicas visam a competitividade e a sobrevivência em ambientes dominados pela crença na escassez, negligenciando o gerir emoções, desenvolver potenciais e principalmente desvelar o propósito da vida.
Os mantras na infância deveriam se esmerar na experiência do ensinamento do bom, belo e verdadeiro, bases para o adulto saudável. Nesse sentido, uma cultura que fosse um pouco menos materialista e mais fortalecedora da alma, já seria suficiente.