Instrumentos para a autocura: amor e natureza

por Carminha Levy

Transculturalmente, existem várias e diferentes perspectivas entre os povos indígenas de cada continente no que diz respeito às quatro direções sagradas: norte, sul, leste e oeste.

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Este caminho que estamos percorrendo e que culminará com a construção do escudo protetor do xamã. O curador situa-se na direção Sul e o seu elemento é a terra.

O xamã curador está apto a experimentar os seis tipos de amor universal. São eles: o amor entre companheiros e amantes; o amor entre pais e filhos; o amor entre amigos e colegas; o amor através dos laços profissionais, mestres, estudantes, terapeutas, clientes etc; o amor por si mesmo e o amor incondicional ou espiritual.

Através de um coração plenamente ativado, que se consegue com estes seis tipos de amor, o xamã curador é o amoroso por excelência. Ele é guiado pelo princípio da reciprocidade – a capacidade de dar e receber e de se vincular. Sem vínculos, não há amor que dure. O princípio de reciprocidade monitora o equilíbrio existente entre nossa natureza de amor e de saúde.

A principal ferramenta de cura de que dispomos é a nossa ligação com a Mãe Natureza. O homem, nas culturas indígenas, é comparado com as árvores e, ao longo da história da civilização, plantam-se árvores nos nascimentos, casamentos, falecimentos e como marcos de novos rumos.

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As árvores simbolizam a transformação, por sua capacidade de mudar nas quatro estações e permanecer solidamente enraizadas.

O lado ‘sombra’ do xamã curador se revela quando não cuidamos da nossa própria saúde e desrespeitamos nossos limites. Se os nossos padrões afirmativos de vida, que são a essência do curador, não se fazem presentes, surge este lado ‘sombra’, como a criança ferida, com comportamentos de carência que se complicam na figura do mártir.

Cai-se assim nas quatro dependências universais que são:

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– Dependência de intensidade – baixa tolerância ao tédio
– Dependência de perfeição – baixa tolerância em relação às falhas
– Dependência da necessidade de saber – baixa tolerância em relação ao desconhecido; rigidez controladora 
– Dependência de apegar-se ao que não dá resultado – baixa tolerância em ver as bênçãos, dons, talentos que vêm da flexibilidade de abrir mão do que não nos serve mais.

O xamã curador retira sua força do que já vimos e também do reconhecimento humano que consiste no impacto que causamos sobre o outro, nossas habilidades, caráter e aparência – harmonia do interior com o exterior.

E, para finalizar, a prática para se achar a segunda parte do nosso escudo protetor composto pelos quatro arquétipos do xamã – clique aqui e leia a primeira parte.

Acalente-se

Prepare um ambiente e marque as 4 direções sagradas; acenda uma vela (leste), um copo com água (sul), uma plantinha (oeste), incenso (norte). Use um CD de tambor ou qualquer música cujo som seja marcado por uma batida. Não use música que você já associe a algo definido e nem que tenha letra. Feche os olhos, comece a relaxar usando a sua técnica preferida, quando se sentir bem enfocado na sua intenção, ligue o som.

A partir daí, acalente-se com estes agradecimentos:

– Agradeça por suas forças;
– Agradeça pelas qualidades que aprecia em si;
– Agradeça pelas contribuições aos outros que faz ou fez;
– Agradeça pelo amor que ofereceu e recebeu e pelo amor que está oferecendo e recebendo;

Descreva sua experiência e a transforme nos símbolos da direção sul do curador no seu escudo. Axé na Luz.

Fonte: ARRIEN, Angeles.O Caminho Quádruplo. SP, Editora Agora.