por Patricia Gebrim
Gente, que a vida é muitas vezes dura, ninguém duvida. É um tal de corre pra cá, corre pra lá, a bolsa caindo, as contas chegando, o trânsito que continua empacando… Haja habilidade para se manter o equilíbrio! E quanto mais nos deixamos afetar, pior fica, acreditem!
Outro dia, aflita porque estava atrasada, fui fechar a porta da geladeira com o pé (as mãos estavam segurando umas dez mil coisas ao mesmo tempo), e lá que foi ao chão o vidro de catchup. E toca largar tudo e limpar aquela meleca do piso branquinho da minha cozinha. Difícil mesmo foi tirar a coisa vermelha dos pelos do meu gato.
Eu sei que você que me lê já passou por dias assim. Muitas vezes a onda de acontecimentos desastrosos só termina quando finda o dia.
Sei também que não é fácil manter o equilíbrio quando o tal vidro de catchup se espedaça pela cozinha bem quando já estamos atrasados. Pior ainda se um gato estiver no meio da tragédia e sair correndo, com as patas meladas de vermelho, na direção do sofá de tecido branquinho (eu disse que podia ficar pior…). Mas a verdade é nós somos os únicos responsáveis por escolher o sentido que daremos a cada acontecimento de nossas vidas.
O tempo todo somos nós que escolhemos o valor que damos a cada pequeno evento. O tempo todo somos nós que damos peso à realidade. A realidade, como afirmam os físicos quânticos, não existe por si só e sim no encontro entre observador e observado.
Pense nos seus relacionamentos mais próximos, naquelas pessoas com as quais você convive diariamente. É claro que, todos os dias, muitas coisas acontecem na sua interação com elas. Um dia seu marido esquece-se de trazer o que você pediu que ele trouxesse da padaria, ou sua filha não guarda as roupas que você implorou que ela tirasse de cima da cadeira, antes que a cadeira fosse eternamente soterrada; ou você observa aflita enquanto sua irmã bate sem querer no porta-retratos que você trouxe de sua última viagem, fazendo com que ele se espatife e parta em mil pedaços.
A minha pergunta é:
– Você tem consciência, nesse exato momento, de que pode “escolher” como reagir a esses eventos?
Claro que o primeiro impulso é o de agir de forma absolutamente emocional. Ficamos frustrados, irritados ou tristes. Sentimos coisas como raiva, vontade de revidar, de “torcer o pescoço” das pessoas, de gritar. Arghhh!!!!!
Mas se você quiser se tornar livre e dono da sua vida, terá que aprender a escolher como agir, de forma mais racional. Precisará aprender a respirar fundo, avaliar de fato a gravidade do ocorrido, perguntar se de fato acredita que aquela pessoa teve aquela atitude com a intenção de ferir você. Na maioria das vezes descobrirá que não foi esse o caso.
A vida, com suas provocações diárias, é um prato cheio para nos enlouquecer, acredite. Se quisermos podemos encontrar diariamente vários motivos altamente justificáveis para perder a cabeça, agredir as pessoas, mergulhar na irritação, reclamar da vida e brigar. Podemos, sem muito esforço, tornar nossas vidas (e a de quem nos cerca) um verdadeiro inferno!
Mas será que vale a pena? Será que o chão da minha cozinha ou a capa do meu sofá valem mais do que a minha paz? Será que não sou capaz de escolher dar uma boa risada e perdoar a mim mesma por minha distração? E talvez, com o tempo e um pouco de prática, aprendendo a me perdoar, saberei um dia perdoar as pessoas e criar uma vida mais divertida e harmoniosa?
Estamos todos vivendo nesse lugar que é muitas vezes infernal, é verdade. Mas, com um pouco de bom humor, podemos diminuir em muito o estresse, as brigas, as reclamações, as discussões.
Não estou dizendo que seja fácil, mas essa é uma habilidade que podemos desenvolver, como qualquer outra. Que tal começar agora mesmo? Espere pela próxima oportunidade (não deve demorar) e faça o seu melhor para “escolher agir” de forma diferente.
Eu lhe garanto, com um pouco de consciência e muito treino, sua vida pode ser muito mais leve e divertida do que tem sido.