por Aurea Afonso Caetano
A Páscoa tem aspectos muito importantes para a cultura judaico-cristã. No domingo de Páscoa é celebrada a "ressureição de Jesus Cristo", e com isso, a confirmação do mito de Jesus, como filho de Deus. Mas toda uma saga heroica aconteceu para que essa jornada tenha transformado toda a civilização.
Conta a história que Jesus nasceu de um virgem, que foi fecundada pelo Espírito Santo. Seu pai, um carpinteiro foi "convidado" a casar-se com essa mulher e assumir o filho que dela nasceria. Essa história é fundante do mito, relato do casal parental.
Conta-se ainda que o casal teve de se deslocar do lugar onde vivia para atender ao pedido de recenseamento imposto pelo rei. Consta-se que o teria sido alertado pelos sábios, que nasceria um bebê homem que com ele disputaria o trono e tomaria seu lugar. Tentando dar conta dessa ameaça, o rei obriga seus súditos a voltarem a suas cidades de origem para o recenseamento do reino.
Maria empreende essa viagem grávida e, não tendo outra possibilidade, dá à luz a seu bebê em um abrigo para animais. Jesus nasce assim em uma manjedoura, durante a jornada de seus pais de volta à terra de origem. O nascimento do Messias era esperado, várias foram as indicações desse nascimento e o bebê por pouco escapou da morte.
Essa criança foi criada de forma comum, até que em um momento de "virada'' , afastou-se de seus pais, entrou no templo e participou de uma discussão com os rabinos. A partir desse momento, o que seria uma jornada mais ou menos modesta, normal, comum para os padrões da época, transformou-se em uma imensa jornada heroica, tão grandiosa que transformou toda a cultura ocidental.
A criança, concebida de forma extraordinária, nasceu de forma ordinária e assim foi criada até a puberdade. A partir do momento do reconhecimento de seus conhecimentos especiais, no templo, sua vida foi se encaminhando a uma grande transformação.
Desnecessário relatar aqui as peripécias da saga desse herói, mas muito importante falar do momento no qual ele se apropria de seu destino e o cumpre como a única coisa possível a fazer.
Falo a respeito do momento comemorado no domingo que antecede o da Páscoa que é o "Domingo de Ramos". Depois de jejuar e rezar durante 40 dias no deserto, ser tentado pelo demônio e a ele resistir, Jesus decide voltar ao convívio com seus apóstolos ou seguidores e entrar na cidade de Jerusalém, no momento em que se celebrava a festa do Pesach ou a Páscoa Judaica, grupo ao qual ele pertencia.
Ao entrar na cidade de Jerusalém sob uma cobertura de ramos, ele é ovacionado e reconhecido como "O esperado", o "Filho de Deus", aquele que veio salvar o mundo. Nesse momento Jesus se entrega a seu destino, apropriando-se de sua tarefa heroica, ele se coloca a serviço do deus maior dizendo "seja feita a sua vontade".
Grande mito heroico, fundador da religião católica que comemora nesta semana sua data maior, a Páscoa ou a festa da ressureição. Não à toa, em uma óbvia e clara superposição de datas, também os judeus comemoram nesta semana o Pesach, ou a festa da "passagem" momento em que também celebram a saída dos judeus do cativeiro no Egito.
Festas de passagem e celebração, saída do mundo material para o mundo espiritual, o herói realizando sua jornada.
Boa Páscoa!