por Patricia Gebrim
Recentemente, falei aqui no Vya Estelar sobre buscar novos rumos em nossas vidas (clique aqui e leia). Mas quando abandonamos um velho caminho, ansiamos logo por um novo.
– Joguei tudo pro alto, resolvi trilhar um caminho fora dos padrões! E agora? O que eu faço?
Retomo aqui o texto anterior abordando esta ideia.
Estamos vivendo um momento único e muito especial da história da humanidade, um daqueles momentos de transformações profundas e assustadoras. Quando olho ao redor, vejo, cada vez mais, aumentar o número de pessoas que estão arriscando questionar os paradigmas que por tanto tempo embasaram as relações humanas. Se antes as pessoas seguiam por suas vidas como se tivessem tomado um trem que seguia certo por trilhos pré-determinados, hoje em dia vejo muitos seres corajosos saltando do trem em pleno movimento. Já não querem pagar o preço da prometida e tranquila viagem.
Todos nós embarcamos nesse trem no começo de nossas vidas, o roteiro não tinha muito espaço para criações. Sabíamos que, se seguíssemos embarcados, deveríamos cumprir todas as etapas do tal caminho em direção à felicidade: estudar, casar, ter um emprego, ter uma casa, um carro, casar, ter filhos… Vocês sabem do que estou falando. O trem seguiria sempre e sem paradas, assim não deveríamos questionar a viagem.
Muitos tentaram seguir, de verdade. No início acreditaram em todos aqueles folhetos coloridos com promessas de uma vida feliz! Mas lá pelo meio do caminho, exaustos com aquele chacoalhar infernal, sedentos de uma vida mais plena e verdadeira, perceberam que o preço para continuar embarcados era… a sua alma. Para ter a suposta segurança da viagem, eram obrigados a suportar empregos que desrespeitavam sua liberdade de existir e que muitas vezes ofendiam seus princípios e valores. Tinham que continuar casados com pessoas com as quais já não sentiam a chama do amor. Tinham que trabalhar até tarde da noite para não serem mandados embora de seus empregos. Tinham que abrir mão daquilo que lhes era mais precioso, do convívio com as pessoas amadas, do tempo de vida; para cumprir regras que tinham sido escritas sabe-se lá por quem!
E assim, aos poucos, os primeiros seres corajosos foram se jogando do trem, ousando confrontar a monotonia assassina dos trilhos.
– Eu não quero ter que trabalhar até dez horas da noite! – gritaram uns, e saltaram.
– E eu não quero ter de dividir a minha casa com alguém ao me casar. Não podemos nos amar e ao mesmo tempo morar em casas diferentes? – gritou outro, caindo rolando ao lado do trem que seguia furioso.
_ E eu não quero ser mãe! _ gritou outra enquanto rolava até ser amparada por um arbusto próximo aos trilhos.
E é nesse momento que nos encontramos. Muitos já saltaram do trem. A questão é:
O que fazer a partir disso?
Como conduzir uma vida profissional fora dos padrões sugadores que existem nas empresas atualmente?
Como estabelecer relacionamentos mais livres, com mais respeito pela existência alheia?
E se uma mulher ou homem não colocam a função de procriar e cuidar de sua prole como norteadora de suas vidas… qual é a sua razão de viver?
Esse é o momento no qual corajosos pioneiros lançaram-se do trem em pleno movimento, em direção a si mesmos, mas agora encontram-se perdidos, angustiados, sem saber para onde ir. Olham ao redor e veem aquela imensidão de possibilidades. E não existem trilhas, modelos, afinal eles são os primeiros. Uns poucos já conseguiram estabelecer-se fora dos trilhos torturantes, mas não existem regras às quais as pessoas que saltaram possam se agarrar.
Além disso, agarrar-se às novas regras seria, talvez, repetir aquilo que já viviam, criar outros trilhos aprisionadores. Sendo assim, essa não pode ser a saída!
Eu diria, aos corajosos seres que ousaram saltar desse trem, que não tenham pressa em encontrar o novo caminho. Eu diria que não busquem as respostas ou direcionamentos nos livros, nem mesmo no exemplo de outros. Busquem dentro de si mesmos. Essa é a verdadeira revolução. A descoberta da nossa capacidade de criarmos uma vida mais real, baseada nos anseios de nossas almas. A descoberta de nossa capacidade de encontrar uma resposta única, fresca e verdadeira para cada momento de vida, uma resposta que brota de uma fonte de sabedoria que flui ininterruptamente em nossas profundezas.
Assim, acalme-se, controle o medo e invista sua energia em aproximar-se de si mesmo, desse lugar sagrado no seu íntimo onde respostas podem fluir, livres, inovadoras, autênticas.
Um dia essa será a nossa forma de viver, gosto de pensar assim.
E para chegarmos lá, cabe a cada um de nós encontrar o nosso caminho, baseado em nosso Eu mais profundo e verdadeiro. Para isso é necessária uma boa dose de coragem, senso de aventura e confiança na vida. Talvez fiquemos com os joelhos ralados, é verdade. Mas antes um ferimento nos joelhos do que a morte da alma, acreditem!