por Renato Miranda
De uma maneira geral e em condições padrão, toda criança tende a desenvolver habilidades em alguma atividade e revelar seu talento.
O grande desafio da família e de todos aqueles que fazem parte do progresso da criança (professores, técnicos esportivos e demais profissionais que por ventura participam da vida da criança) é auxiliar a autocompreensão do que ela mesma (a criança) é capaz.
Ao falar do esporte, especialmente há um desafio a ser enfrentado muito característico, que se resume nas emoções envolvidas no treinamento e competições de jovens iniciantes no esporte ou como sugerem os especialistas, durante a iniciação esportiva: o despertar do talento.
No esporte infanto-juvenil praticado por adolescentes, especialmente a partir dos doze anos de idade; participantes em programas de treinamento que objetivam desde a prática esportiva para o lazer à iniciação esportiva até o máximo rendimento em competições, o fator que intriga muitos dos adultos (principalmente os pais) é se realmente o jovem apresenta característica físicas e psicológicas para se adaptar plenamente às exigências do esporte e por consequência se o mesmo é fonte de alegria e satisfação.
Mesmo considerando que treinamento ideal inclui preparação de vários anos para que o indivíduo atinja gradativamente e dentro de suas capacidades seu melhor desempenho desde cedo, há decerto certa impaciência em esperar o dito “desabrochar” do talento ou a liberação da energia plena para o desenvolvimento das tarefas.
Como a adolescência é o período que a pessoa enfrenta muita instabilidade física e psicológica, naturalmente, enfrentar tal situação é uma experiência, por vezes, muita tensa. Portanto, o que fazer?
Considerando as características do desenvolvimento PSICOFÍSICOSSOCIAL, que de princípio já impõe limites, por exemplo, a altura no aspecto físico, é fundamental perceber se o jovem está a usufruir os benefícios que o treinamento esportivo pode proporcionar.
No entanto, o “desabrochar” do talento exige ainda mais. E tudo aquilo que possa ser projetado para que isso aconteça, passa necessariamente pelas condições de expansão da energia psicofísica dos jovens, em outras palavras, da autoexpressão.
Acontece que infelizmente os jovens nessa faixa etária, acabam por esbarrar em várias situações, seja na escola, no meio social, no clube e até mesmo no lar, que lhes constrangem e, por conseguinte, começam a ficar exageradamente introvertidos e autorreprimidos como mecanismo de defesa.
Portanto, um grande passo que os adultos podem dar a fim de promover e despertar o talento que reside em cada criança, é oportuno minimizar os impactos dos fenômenos que podem gerar constrangimentos que irão repercutir como comportamento reprimido.
Assim sendo: repreensões, dificuldade no aprendizado escolar, exposição social de algum limite, seja de ordem física, intelectual ou psicológica – poderia citar como exemplo: ser debochado por uma característica física qualquer, repreendido em público por não conseguir aprender algo ensinado na escola, ridicularizado por ser introvertido e outros.
Naturalmente tudo isso repercutirá nas atividades esportivas. Assim, a oportunidade que o esporte oferece de expansão da energia psicofísica poderá ficar prejudicada e ser mal interpretada, como se o “problema” estivesse no ambiente esportivo.
Recomendo que pais e adultos envolvidos atuem diretamente na avaliação de quanto às situações corriqueiras podem estar afetando além daquilo que os jovens podem suportar ou administrar com certa tranquilidade e vencer essas experiências consideradas negativas, já que é quase impossível para os jovens, mesmo em tenra idade, não passar por algum tipo de constrangimento, seja na escola, com amigos e até mesmo no esporte.
Oferecer aos jovens a possibilidade esportiva já é algo muito frutífero, mas auxiliar o fortalecimento psicológico é uma atitude fundamental para que os mesmos enfrentem as vicissitudes do mundo e revelem mais facilmente seus talentos, seja no esporte ou em outra área qualquer.