Por Ângelo Medina
Nessa grave crise econômica que o País atravessa a internet pode ser uma excelente aliada na hora de buscar alternativas de financiamento para realizar projetos (e sonhos!) que estão no papel.
Por meio de plataformas colaborativas, muitas pessoas ou equipes já vêm cadastrando seus projetos e conquistando o apoio de diversos colaboradores para a sua realização. Trata-se do chamado crowdfunding ou financiamento coletivo.
Na prática o crowdfunding é uma vaquinha online, pois parte do princípio de uma colaboração coletiva, para algo que não poderia ser feito sozinho. Mas a diferença do crowdfounding para a vaquinha é que “Um projeto de crowdfunding tem um objetivo que extrapola o conceito de vaquinha: criar uma obra de arte, iniciar uma empresa. O retorno não é para o grupo específico, mas para a sociedade”, explica Diego Reeberg, um dos fundadores do Catarse.me, a primeira plataforma brasileira para financiar projetos criativos de forma colaborativa.
Outro aspecto a ser ressaltado no crowndfouning, é que há dinâmica entre o que cada pessoa contribui em dinheiro e o retorno investido que vem através de recompensas: quanto maior o investimento, maior a recompensa.
Foi através desse sistema, na própria plataforma Catarse.me, (veja aqui) que uma rapaziada de Juiz de Fora arrecadou o financiamento para o projeto do livro “Pôquer a seis”, estimado em 22 mil reais, amealharam R$ 22.497, com o apoio de 240 pessoas.
Confiram abaixo toda essa história.
Uma mesa, seis jogadores, seis pontos de vista. Assim nasceu ‘Pôquer a seis’, livro que reúne seis contos com atmosferas diferentes em torno de um mesmo ambiente: o jogo de pôquer.
Criados a partir de uma pesquisa de personagens e arquétipos do grupo de Estudos Matemáticos do Hupokhondría, os contos de Elena Duarte, Gustavo Burla, Louise Nascimento, Mariana Virgílio, Raíssa Varandas e Táscia Souza foram ilustrados por Bernard Martoni com traços característicos, seguindo a atmosfera psicológica de cada história.
Aqueles que apostaram suas fichas nesse financiamento receberam recompensas que incluíram desde o livro autografado e nome na lista de agradecimentos até microcontos exclusivos escritos e autografados pelos autores – constando uma palavra escolhida pelo doador -, desenhos originais feitos por Bernard Martoni, arte original produzida pelo artista plástico Petrillo para a capa do volume e oficinas de escrita com o Hupokhondría.
Os contos
Self, Ego, Sombra, Persona, Anima e Animus. Na psicologia junguiana, esses seriam os principais jogadores cujas faces o ser humano assume para, em cada momento, apostar suas fichas na vida. No nosso jogo literário, são eles os personagens que escolhemos: cada autor(a), um(a) protagonista e um aspecto psicológico para desenvolvê-lo em seu conto. Todos têm em comum o cenário: o espaço clandestino do pôquer, que exige diferentes facetas, blefes, malícia.
A coautora Elena Duarte, que assina o conto *Animus, reforça que o elo entre os seis personagens transcende ao ato de jogar. As histórias se interconectam de várias formas, através de pequenos fatos e detalhes. Através da própria leitura, o leitor é instigado a descobrir como se dá essa interconexão. Cada um dos seis aspectos representados por cada personagem foi definido por sorteio, assim começou esse jogo.
O Hupokhondría
O Hupokhondría é um projeto diegético fundado em 2008 que pesquisa e elabora narrativas e linguagens. Sua raiz etimológica vem do grego: Hupo- de “abaixo” e -khondría de “cartilagem do tórax”. Os hipocôndrios são, portanto, as partes laterais superiores do abdômen, logo abaixo do diafragma. O que isso tem a ver com o projeto? Quer dizer que a gente não escreve com o coração, mas com o fígado.
Assim, na nossa mania de doenças — físicas, psicológicas, emocionais, sociais… — nos automedicamos com histórias. Primeiro, com os contos curtos que publicamos no site hupokhondria.com, mas também com cenas e peças teatrais, curtas metragens, jogos com fotografias e narrativas mais extensas.
* Na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, são aspectos inconscientes de um indivíduo, opostos à persona, ou aspecto consciente da Personalidade. O inconsciente do homem encontra expressão como uma personalidade interior feminina: a Anima; No inconsciente da mulher, esse aspecto é expresso como uma personalidade interna masculina:o Animus.
Serviço
Pôquer a seis
Autores: Bernard Martoni (desenhos), Elena Duarte, Gustavo Burla, Louise Nascimento, Mariana Virgílio, Raíssa Varandas e Táscia Souza
Capa: arte de Petrillo com design de Tatiana Lira
Editora: Motirô
Configuração: Capa: 23x46cm, 4×4 cores, Tinta Escala em Triplex 300g.
Miolo: 140 págs, 15.5x23cm, 4 cores, Tinta Escala em Polen Bold 80g.
Lombada: 8mm, Dobra(capa), Laminação Fosca(capa).
Orçamento
Custos:
Impressão: R$ 15.000,00
Capa, design, tratamento e registro: R$ 4.140,00
13% Catarse: R$ 2.860,00