por Edson Toledo
A disseminação da prática da automutilação ou autolesão sem intenção suicida, em redes sociais, dá uma pista sobre um problema que vem preocupando pais, professores e especialistas. Grande parte dos pais sequer percebe que os filhos têm se cortado com canivetes, lâminas de barbear e até lâminas de apontadores de lápis.
Na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, a automutilação sem intenção suicida foi incluída no anexo III sob o argumento de que necessita de mais estudos para caracterizá-la como um transtorno. Assim, ficou sob observação para ser tratada como um transtorno isolado, muitas vezes associada a comportamentos compulsivos, impulsivos e outros transtornos, como o de Personalidade Borderline.
Por que os jovens se automutilam
O público mais atingindo são meninas de 13 a 17 anos. Porém, os meninos não estão excluídos dessas práticas. No entanto, não há ainda uma resposta cientifica amplamente aceita para explicar a maior incidência entre as meninas. Tudo porque nessa idade, o jovem está com sua personalidade em formação e assume frequentemente um comportamento de grupo altamente perigoso. Outro aspecto a considerar, é o fácil acesso às redes sociais, tornando-a uma acessível multiplicadora. Assim, a automutilação está se tornando uma prática crescente. O Brasil não tem estatísticas oficiais, mas todos os estudos internacionais chegam ao mesmo número e indicam que 20% dos jovens sofrem desse mal.
Os poucos estudos sugerem que, quando há uma sensação de frustração, o corte alivia a dor psíquica. Traz alívio imediato, mas, quando passa, vem uma sensação de vergonha, de arrependimento, de ser descoberto no seu ato. A automutilação também pode estar associada a uma maneira de lidar de forma impulsiva e destrutiva com frustrações e ansiedades.
Além dos cortes, há outras formas de autoagressão, como queimaduras, pancadas com objetos em certas partes do corpo.