por Roberto Shinyashiki
Marcus Vinicius Freire, Superintendente Executivo de Esportes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), me ligou e, nesse único telefonema, me fez sentir a grandeza de duas pessoas muito especiais. A primeira delas é a Lais Souza, nossa esquiadora, em seu processo de recuperação do acidente sofrido em 27 de janeiro, em Park City, Utah.
Naquele dia, ela esquiava num treino livre para os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi. Na descida da montanha, se chocou com uma árvore e teve um trauma severo na terceira vértebra cervical.
Embora tenha se acidentado gravemente, Lais demonstrou uma grandiosidade sem igual. Marcus Vinicius disse que, mesmo estando internada, em um processo delicado de tratamento, Lais pediu para que lhe trouxessem um professor de inglês, para que pudesse aprender a língua e se comunicar melhor com a equipe médica e os atendentes que cuidavam dela no hospital, em Miami.
O impressionante é como ela, que sofreu um acidente tão sério, se preocupava ainda em criar condições para se relacionar e ser mais atenciosa com as pessoas que cuidavam dela. Uma atitude digna de uma verdadeira campeã, que enxerga bem além das dificuldades e valoriza os demais seres humanos à sua volta.
A segunda pessoa que me deixou maravilhado foi o próprio Marcus Vinicius. Ele me ligou para solicitar que eu o ajudasse a pensar em algum tipo de orientação para a carreira da Lais, de agora em diante – como palestrante e orientadora de atletas -, porque ela tem ideais nobres e muito a ensinar e talvez sua carreira como esportista já não venha a ser mais possível.
"Após o acidente, Lais tem poucas chances de voltar ao esporte, mas tem muita vontade e determinação e vai ter muito a contribuir para ajudar muita gente" – disse Vinicius.
Lais e Vinicius são pessoas que colocam aquilo que podem fazer pelos outros muito acima de seus próprios interesses. São duas pessoas incríveis, dois seres humanos excepcionais que, mesmo diante de uma fatalidade, ainda conseguem pensar nos outros, conseguem pensar em como continuar contribuído com o que têm de melhor.
Somente os verdadeiros campeões da vida, os verdadeiros loucos por viver, têm sempre algo mais a oferecer. E estão sempre dispostos a recomeçar, não importam os reveses que a vida lhes apresente.