Da Redação
Após a aplicação de um protótipo que conjuga o uso de laser com ultrassom nas palmas das mãos de uma paciente de 61 anos que tem fibromialgia, pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP notaram o desaparecimento das dores que acometiam 15 regiões do corpo da voluntária.
Antonio Eduardo de Aquino Junior, coordenador da pesquisa, explica que o diagnóstico de fibromialgia somente pode ser positivo quando são descartadas as possibilidades de o paciente ter osteoartrite, lúpus, gota e psoríase sistêmica – doenças que também causam dores semelhantes às provocadas pela fibromialgia.
Segundo o pesquisador, a fibromialgia pode ser tratada com exercícios físicos e hidroterapia (prática de fisioterapia dentro da água), reeducação nutricional e acompanhamento psicológico. Muitas vezes, além de analgésicos, são receitados remédios para ansiedade e depressão.
Entretanto, segundo Aquino, em virtude de crises agudas de dor, muitos pacientes não conseguem iniciar exercícios físicos e hidroterapia, porque as dores impedem a realização dessas ações. Os sintomas então podem ser combatidos com o uso de medicamentos “pesados” que amenizam dores e relaxam os músculos. As aplicações da técnica seriam uma alternativa para os fármacos.
Das mãos para o resto do corpo
De acordo com o coordenador da pesquisa, normalmente as aplicações de ultrassom e laser são feitas diretamente nos pontos em que o paciente sente dor (locais chamados de pontos gatilho ou tender points), e a ideia de se aplicar luz e ultrassom conjugados apenas nas palmas das mãos foi baseada em um artigo no qual se relatava que essas regiões de pacientes com fibromialgia continham um número maior de células sensoriais em relação às de pacientes que não tinham a doença.
Após dez sessões de aplicação de laser e ultrassom (três minutos em cada palma), realizadas duas vezes por semana, as dores da voluntária que participou desse estudo de caso cessaram em todos os pontos e a qualidade de vida da paciente teve uma melhora significativa.
Em uma escala de 0 a 10 (sendo que 10 representava o grau máximo de dor), no início do tratamento, a paciente classificou suas dores com nível 9; no final, a sensação de dor caiu para 0 – os resultados da pesquisa foram publicados no Journal of Novel Physiotherapies, trazendo a assinatura de Aquino, do professor Vanderlei Salvador Bagnato (docente do IFSC e orientador do estudo) e dos fisioterapeutas da unidade, Daniel Franco e Juliana Amaral.
Segundo Aquino, a aplicação de ultrassom e laser conjugados culmina na ampliação do potencial anti-inflamatório de ambos os recursos, retomando a homeostase corporal (equilíbrio no organismo) e controlando a dor. Para o pesquisador, até recentemente a aplicação combinando os dois tratamentos era inimaginável por uma questão operacional, pois nenhum equipamento proporcionava a associação dessas aplicações. No entanto, de acordo com o pesquisador, o protótipo em questão, que foi desenvolvido no Grupo de Óptica, viabilizou a obtenção do melhor resultado do laser e do ultrassom, simultaneamente.
Para os próximos passos, o objetivo é verificar qual metodologia pode fornecer melhor ação no tratamento. Aquino tem comparado resultados de aplicações que às vezes são feitas apenas com o uso de laser e que em outros momentos são executadas somente com ultrassom.
Fontes: Rui Sintra e Thierry Santos/Assessoria de Comunicação do IFSC
Mais informações: (16) 3373-9810 (ramal 242); e-mail antonioaquino@ifsc.usp.br