por Roberto Shinyashiki
A ideia de que vivemos em um clima de competição aborrece muita gente. A maioria das pessoas descreve o mundo como gostaria que fosse: cor-de-rosa, onde as coisas acontecem segundo os seus desejos. Não é bem assim. Os resultados que conseguimos não são decorrência de nossos desejos, mas do comprometimento que temos com eles. A vida não é a materialização de propostas, e sim o resultado de nossas ações.
Essas pessoas gostam de pensar que estão caminhando sozinhas por uma estrada, como se não houvesse no mundo ninguém além delas. Aliás, era exatamente assim que se encarava o mundo dos negócios antigamente. As opções eram poucas e parecia realmente que cada empresa constituía uma espécie de ilha, cercada de consumidores por todos os lados. Era melhor? Bem, para o consumidor, que não tinha escolha, não. Quantas vezes os lojistas não trataram você como um cambista em dia de show dos Rolling Stones? Acabou a era do desprezo usual pelo cliente: "Se quiser pega, senão tudo bem, tem outro na fila". Agora o cliente simplesmente vai ao concorrente se não for bem tratado. O cliente está cada vez mais apto a escolher o melhor.
A negação do sistema competitivo fez com que muita gente talentosa não progredisse e se comportasse como peixes que, quando quiseram crescer, foram presas fáceis dos tubarões.
Se tivermos clara a ideia de que criamos nossos resultados em um ambiente competitivo, poderemos diminuir muito a tensão. Exatamente como um atleta. Quando está bem preparado, ele se desgasta menos, mesmo sabendo que terá de enfrentar outro time com igual objetivo. Ele tem consciência de que a disputa faz parte da sua vida. Sabe que o oponente vai querer anular suas melhores jogadas, explorar seus pontos fracos e que seu trabalho é cheio de desafios. Em vez de reclamar, ele batalha, planeja suas jogadas, luta, sua a camisa a cada minuto para conseguir vencer. Sabe que sua carreira depende dos resultados que conquistar. Não tem ódio dos adversários nem os despreza. Admira suas qualidades, aprende com eles e tem um prazer indescritível em superá-los.
Nós todos sabemos que a competição faz parte de nossa vida – desde que um espermatozoide do pai venceu a corrida contra os outros para fecundar o óvulo da mãe. Mas, no fundo, continuamos com a ideia de que andamos sozinhos pela estrada. Quando alguém nos supera, ficamos chateados por não ter nos avisado.
Está na hora de pensar que, na verdade, apostamos uma corrida que todos querem ganhar e que não existe outra solução a não ser nos prepararmos para ela.
O vencedor tem o sentido da competitividade, sabe que seu objetivo é a vitória. Sabe também que é inevitável que o time campeão tente conquistar novamente a vitória na próxima temporada e ampliar seus horizontes para campeonatos de nível estadual, nacional e mundial. Mais uma vez, pela conduta das empresas e dos empresários, podemos observar quem são os campeões. Certamente, não são aqueles que vivem se queixando das novas dificuldades e que pressionam os políticos para proteger a sua incompetência. Esses preferem sonhar com o passado, com a surrada mentalidade cartorial, a criar maior competência.