Por Roberto Santos
A formação e o conhecimento são a base para construir uma carreira de sucesso. Mas, em determinado momento da sua vida profissional, existe um fator de maior peso para alcançar o sucesso. Autoconhecimento — o fator que permite um líder se manter autêntico, humano e inovador.
Mas, ao longo dos anos, foi criada uma cultura de que líderes devem dominar números e estratégias para o crescimento dos negócios, aprendizagens típicas daquelas que se aprende em um MBA. O problema disso é que o tato para lidar com pessoas e o hábito de cuidar do que acontece internamente acabaram se perdendo.
Grande parte dos CEOs tem ao menos um MBA em seu currículo. E isso não é algo negativo. É importante ter profissionais atualizados e capacitados para superar os desafios dentro do negócio. Porém, isso não é o bastante. Os cursos de MBA preparam líderes para realizar o trabalho técnico e fazem isso com excelência. Mas, nesse processo, as pessoas responsáveis e comprometidas para fazer o trabalho acontecer acabam ficando desemparadas.
Um exemplo disso é o que aconteceu no banco californiano New Resource Bank. Quando seu CEO, Vincent Siciliano, assumiu essa posição, ele teve como desafio resgatar a missão e os valores da empresa para recolocar a empresa na rota da lucratividade e crescimento. E, após alguns anos de trabalho duro, foi o que aconteceu. O banco voltou a crescer e atingiu os objetivos dos negócios. Mas todas as mudanças que ocorreram durante o período de reformulação geraram um impacto negativo na maioria dos colaboradores.
Pesquisas de clima organizacional mostraram que os funcionários estavam insatisfeitos e desmotivados e o que causou todo esse declínio foi a liderança de Vincent. Em entrevista a Harvard Business Review, ele contou ter se surpreendido com aquele resultado e teve de encarar a dura realidade: ele não era tão bom líder como imaginava. “Eu percebi que estava liderando apenas com o cérebro, e esquecendo do coração”, disse.
O erro de Vincent é o mais comum dentro das organizações. Os objetivos do negócio são colocados em primeiro lugar e quaisquer mudanças necessárias serão realizadas, sem pensar em como elas poderão impactar os funcionários.
Como o autonhecimento ajudaria a evitar acontecimentos como esse? Partindo do ponto de que ele consiste na habilidade de conhecer os próprios pensamentos, emoções e valores em cada momento, é o autoconhecimento que ajuda a liderar com autenticidade e integridade. Uma pesquisa realizada com mais de mil líderes, em mais de 100 países, constatou que líderes nos níveis mais altos tendem a ter um melhor autoconhecimento do que os líderes mais baixos na hierarquia. O autoconhecimento ajuda no processo de promoção e obriga líderes a desenvolvê-la à medida que cresce sua responsabilidade de liderança.
Segundo pesquisas da Nature Neuroscience, a prática diária de atenção às próprias atitudes ajuda a mudar a estrutura e a função do cérebro que aumenta o autonhecimento. Dificilmente pessoas nascem autoconscientes. É necessário treinamento para desenvolver a autoconsciência e ter a capacidade de entender melhor o próprio comportamento e as emoções, assim como das pessoas ao seu redor, e criar melhores relações para liderar com maior impacto.
Uma dica valiosa é prestar atenção nas coisas que outras pessoas dizem sobre você. Em muitos casos, o líder escuta as preocupações dos funcionários, mas seu cérebro está programado para absorver apenas o que ele quer ouvir. Se você estiver prestando a devida atenção ao que eles dizem, vai ter maior clareza sobre o que acontece à sua volta e saberá como resolver os problemas dentro da empresa.
O autoconhecimento é um dos ingredientes-chave da inteligência emocional.
Fonte: www.revistadorh.com.br