por Tatiana Ades
O folhetim global Verdades Secretas (23h00) está sendo comentado na mídia.
Ela aborda um tema complexo, porém muito real: um homem que se envolve com mãe e filha amorosamente.
Por mais incrível que pareça, observo atrávés de minha prática clínica, que isso acontece muito: a competição entre mãe e filha e um mesmo amor a ser dividido.
Tive dois casos assim no consultório, onde pude perceber diferentes abordagens para uma mesma situação.
No primeiro caso, a filha arrasada e depressiva havia descoberto que a mãe estava saindo com o noivo há três meses.
Sentiu-se traída e pediu uma confrontação com a mãe, que tentava negar o fato.
Nesse caso, conversando com a mãe, percebi que ela estava depositando durante muito tempo as suas expectativas de vida na filha: sonhos e metas, desejos e ambições que deixara para trás.
Ela me contou que sentia-se humilhada por ter perdido tanto tempo de vida após ter engravidado e que havia abdicado de namoros, festas, cursos e amigos.
Começou então a colocar o "tempo perdido" nos passos da filha, mas mesmo assim, sentia-se frustrada, pois a percepção de que a jovialidade não voltaria mais a fez entrar em pânico.
Numa sensação de competição com a própria filha, sentiu-se agoniada, mas submersa num desejo incontrolável de sentir-se a filha. Ou seja, a projeção virou espelho e a imagem distorcida a fez agir de forma tão insensata.
Conseguimos reestabelecer a harmonia entre as duas, mas a filha alegou que nunca mais seria a mesma, haveria sempre uma desconfiança presente, fato muito compreensível.
Já no segundo caso, filha e mãe brigavam o tempo todo e ao contrário do instinto maternal, a mãe via uma rival mais jovem e bonita.
Seduziu o namorado da filha e deixou provas propositais para que essa se magoasse com isso.
E assim conseguiu: a moça entrou em depressão profunda e precisou ser medicada e internada.
Essa mãe em momento algum, mostrou-se arrependida ou culpada.
O ser humano é realmente complexo, mas às vezes a sensação que tenho é de que a espécie humana está perdendo muito de seus valores éticos, morais e instintivos.
Aonde iremos chegar?