Mãe e filho: brigas por causa da conta de luz

por Blenda de Oliveira

“Não vivo em paz com o meu filho. Não aguento mais. Ele me agride constantemente com palavras e até com agressão física. Eu sou deficiente física, pois fiz uma cirurgia de coluna e foram colocados dez pinos. Ainda estou em tratamento fisioterápico. Ontem me chamou de cadela e filha da… só por que pedi que ele utilizasse a luz com mais responsabilidade, pois a conta de luz estava subindo muito, passando de R$87 para R$238,00. Ele me xingou, então eu disse a ele que se as contas começassem a subir muito, eu não poderia continuar pagando o carro que é meu, mas é ele quem usa, pois comprei um carro adaptado para mim, que também pago. Ele disse que sou sovina, que ganho R$3.500,00 mais a aposentadoria e que eu tinha como pagar as contas e estava reivindicando coisas para ele, como por exemplo, a luz. Ele dorme com todos os equipamentos ligados, quando sai, ele deixa tudo ligado, consumindo energia sem necessidade. Ele me acusa de ter acabado com a vida dele, porque seu relacionamento com a primeira namorada não deu certo, ela o traiu. Eu não consigo mais viver em paz e queria saber como posso judicialmente tirá-lo de casa.”

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Resposta: Sugiro que procure um bom advogado para ter retaguarda em qualquer decisão que tome. Tem alguém na família que pode ajudar? Amigos? Nesse momento é importante ter uma rede social consistente e presente.

Não me parece que há muitas alternativas para lidar com a situação se não for por meio da saída dele da sua casa. Acha que consegue enfrentar esse processo? Será duro, pois seu filho tem uma profunda dependência com você e julga-se desamparado, vitima e injustiçado. Uma situação que você, sozinha, sem apoio, terá dificuldade de levar adiante.

Além de um advogado, pode procurar uma espécie de mediação familiar que teria como objetivo facilitar os acordos e negociar as condições da saída. Será mais palatável e barato sustentá-lo fora da sua casa que viverem juntos.  Essa situação pode ter uma finalização complicada. É como se estivesse refém dele, ainda com o acréscimo da sua fragilidade, no momento, física.

Parece-me ser uma mulher determinada, mas quando se trata de filhos, há como uma fragilidade que, quase sempre, toma conta no momento de tomarmos decisões duras.

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Os mitos em torno da maternidade e famílias como lugares sagrados cria uma crença que os laços sanguíneos são incondicionais. Sabemos que não são. O fato de ser pai, mãe e filho não sugere nenhum direito em fazer do outro o que quiser, muito menos por meios violentos.

O advogado pode indicar bons mediadores. Geralmente são psicólogos, assistentes sociais e advogados que se dedicam às questões relacionadas a situações familiares críticas e severas.

Apresse-se nas providências. Desejo-lhe boa sorte.
 

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Atenção!
Este texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracterizam como sendo um atendimento.