E-mail enviado por uma leitora:
“Olá doutora! Boa tarde! Como vai? Minha filha tem 22 anos. Constantemente ela olha para mim e começa a perguntar por que ela é feia, e gorda e eu tão bonita. Só que a minha filha é bonita sim, mas não aceita que eu diga, porque sou mãe e suspeita, alega precisar de validação que outros digam espontaneamente que ela é bonita. Ela chega a chorar, fica muito triste, não estou sabendo ajudar; fala também que se fosse bonita teria namorado ou alguém interessado. Ela tem psicóloga, mas esse assunto não se resolveu ainda.”
Resposta: Como você mesma diz, opinião de mãe, nesse tipo de assunto, não vale muito. Sendo você uma referência estética para ela, não adianta muito emitir opiniões, pois o que vale é o que ela vê, e não o que você fala…
Certamente a terapia pode ajudar sua filha, mas terapia leva tempo. Ela precisa aprender a se valorizar física e psicologicamente para que possa aceitar-se do jeito que é ou criar um novo padrão de referência estética que não se baseie apenas na sua imagem como mãe. Assim, a primeira coisa que você pode fazer é tentar diminuir sua ansiedade de mãe com relação a esse assunto. Mães e filhas sempre competem em algum nível e essa questão, por si só, não representa um problema neurotizante.
Seu papel como mãe
Como mãe, você pode ouvi-la, acolher suas angústias, dizer que também já se sentiu assim aos 22 anos. Afinal, qual a mulher que em algum momento da vida não se sentiu feia? Pode também ajudá-la a escolher roupas e maquiagem que combinem com ela, se ela pedir, é claro. E pode, principalmente, evitar ficar discutindo apenas sobre beleza física e tentar trazer outros temas onde ela consiga se sentir melhor.
E sobre arrumar namorado?
Quanto à questão arranjar namorado, é importante que ela entenda que para seduzir alguém é preciso, primeiro, ser seduzida por ela mesma. Enquanto não aprender a gostar de si mesma, do seu jeito, de suas ideias e, por que não, do seu aspecto físico, dificilmente alguém se interessará por ela. Tudo isso pode ser trabalhado em terapia. Seria bom que ela continuasse o tratamento.
Finalmente, como mãe, entenda que aos 22 anos qualquer pessoa é ainda bem insegura. Com o advento das redes sociais, onde todo mundo se apresenta como lindo, feliz e realizado, essa insegurança aumenta bastante. Assim, evite supervalorizar a “infelicidade” da sua filha pois, certamente ela tem seus bons momentos também. Se você demonstrar muita pena, muita preocupação, muita culpa, estará reforçando nela a ideia de que ela é feia, sem graça e infeliz. O que, como você mesma sabe, é apenas uma projeção da cabecinha imatura dela e não corresponde à verdade. Mesmo porque bonito e feio são conceitos bem relativos…
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.