por Flávio Gikovate
Acredito mesmo que as melhores reflexões sobre a vida são aquelas que se obtêm das máximas e ditados populares: ideias transmitidas pela tradição oral dos povos; foram construções baseadas na ponderação e na experiência de vidas simples que não pretenderam se eternizar e nem revolucionar o mundo.
Esses ensinamentos vieram de pessoas comuns, usando exemplos comuns.
Esses pensamentos não foram sequer escritos e publicados, pois isso também seria vaidade: este é o paradoxo inevitável desta coluna e foi uma das razões que mais me inibiram na sua elaboração; mas não vi outra saída senão levar o projeto assim mesmo.
Assim quase todas as histórias registradas em livros contam as "glórias" dos grandes conquistadores ou dos grandes santos. Os referenciais de que dispomos são sempre relacionados a "grandes" figuras.
Exercício da vaidade: duas opções radicais
A questão das opções radicais fica mais evidente se olharmos mais de perto a maneira como se constituem os grupos familiares e sua repercussão na formação das crianças.
Um adulto jovem, em idade de se casar por exemplo, terá sua maneira de ser desequilibrada ou na direção do egoísmo ou na direção da generosidade. Terá orgulho de si mesmo e ao memso tempo terá dúvidas acerca de seu modo de ser; terá desprezo e inveja pelo tipo oposto. Tenderá a se encantar sentimentalmente por uma pessoa oposta tanto em virtude da admiração que causa, como para poder continuar a exercer a sua prória maneira de ser. Ou seja, o egoísta não sobrevive sem o generoso e esse não se exerce sem aquele.
A relação assim composta é de recíproca admiração, inveja bilateral e também de um certo menosprezo pelo outro. Enfim, é a fórmula ideal para cada um continuar a ser extamente como é.