Por Marta Relvas
As memórias são extremamente importantes para a individualidade de cada pessoa.
Aquilo que cada pessoa recorda é diferente daquilo que outras se lembram, mesmo no que diz respeito a situações em que ambas vivenciaram. No entanto, apesar da individualidade das memórias, todos recordam eventos, fatos, emoções e desempenhos – alguns por um período curto, outros por toda a vida.
Freud foi um dos primeiros a defender de uma forma vigorosa e sistemática o papel dos fatores emocionais na memória, tendo proposto a repressão enquanto mecanismo capaz de impedir o acesso à consciência dos estímulos de natureza ameaçadora ou geradora de ansiedade.
Antigamente na escola, memorizar era sinônimo de decorar nomes, datas e fórmulas que seriam exigidos nas avaliações. Com base nos estudos sobre o processo de aprendizagem da criança, concluiu-se que a decoreba era inimiga da educação.
A memória é a base de todo o saber, e como tal, deve ser trabalhada e estimulada. O cérebro possui múltiplos sistemas de memória, com diferentes características, e envolvendo diferentes redes neurais. Sabe-se agora que a formação de novas memórias depende da plasticidade sináptica. Memória significa reter e/ou readquirir ideias, imagens, expressões e conhecimento. É o registro de fé experiências e fatos vividos e observados.
Nos últimos vinte anos, a Neurociência avançou muito nas descobertas sobre o funcionamento de cérebro. Hoje, sabe-se o que acontece quando ele está captando, analisando e transformando estímulos em conhecimento e o que ocorre nas células nervosas quando elas são requisitadas a se lembrar do que já foi aprendido. Com isso, o professor pode aprimorar suas metodologias e abordagens de ensino para uma aprendizagem contextualizada e significativa.
Ao assistir a uma aula, o estudante recebe informações de todo tipo, transformando-as em estímulos para o cérebro, onde circulam pelo córtex cerebral antes de serem arquivadas ou descartadas. Sempre que encontram um arquivo já formado (conhecimento prévio), elaboram um "gancho" para o seu armazenamento, fazendo com que, no futuro, ela seja resgatada mais facilmente. Quando essa informação é resgatada da memória, trilha os mais variados caminhos. Se eles já tiverem sido percorridos anteriormente, a recuperação de conhecimentos será simples e rápida; o que não tem nada a ver com decoreba.
A memória e o esquecimento, a imutabilidade e a reestruturação das lembranças são aspectos tanto conflitantes quanto complementares de nossa mente. Se, de um lado, a memória desempenha uma função adaptativa fundamental para a espécie humana, de outro, sem a capacidade de esquecer não aprenderíamos nada de novo, não corrigiríamos nossos erros, não inovaríamos velhos esquemas.