por Sandra Vasques
"Minha namorada quer fazer um sexo a três com mais um homem na relação. Não me sinto nem um pouco confortável e falo que não aceito. Ela, porém, diz que é uma curiosidade dela e que vai fazer isso alguma vez na vida. Acredito que realmente nos amamos muito, mas não sei o que fazer, já que sequer cogito o ménage. Isso me deixa bem triste."
Resposta: Esta questão, apresentada por um homem, é bem interessante, pois mostra, mais uma vez, que as mulheres também têm fantasias sexuais ousadas e que as mesmas nem sempre são compartilhadas por seus parceiros.
Sexo a três, em geral, não é uma ideia muito bem aceita. Envolve a presença de outra pessoa que vai despertar desejos, dar e receber carícias, olhares, participar ativamente do ato sexual que até então era restrito ao casal. Isso pode despertar insegurança, frustração e tristeza, pois o lado que não aceita a proposta pode se sentir desvalorizado, insuficiente para despertar e manter o interesse sexual de seu par. E, por mais que o responsável pelo convite afirme que não se trata disso e sim de uma curiosidade, ou de uma “variação sobre o mesmo tema”, em geral não consegue convencer de fato. Mas, também é verdade que alguns casais tentam e acabam gostando e até repetem.
Há uma situação em especial em que envolver uma terceira pessoa não é uma boa ideia: quando o casal está passando por uma crise. Nesse caso, a insegurança está em alta e a chance de desentendimentos e mágoas é grande.
Será que estou preparado para o sexo a três?
Na realidade, o ménage exige que o casal esteja seguro sobre o desejo sexual que um desperta no outro, e perceba essa fantasia como uma possibilidade de diversão para os dois. É natural uma certa insegurança frente a algo que nunca foi experimentado, mas não dá para ir em frente se a sensação é a de ir para um sacrifício. Conversar melhor com a namorada e entender o que a estimula a viver essa fantasia vai ser bom para permitir uma decisão menos sofrida e também para não deixar mal-entendidos azedando o relacionamento.
Pode ser que o namorado veja que é só uma curiosidade mesmo. Que ela quer experimentar se sentir desejada por dois homens ao mesmo tempo, o que é uma fantasia comum das mulheres e que isso não tem nada a ver com o amor e desejo que sente por ele. Porque realmente a namorada, pode se sentir muito satisfeita com ele, mas ainda assim, querer viver essa experiência.
Possíveis regras para um encontro a três
Daí, se houver segurança e resolverem tentar, é necessário combinar antes quais regras devem ser seguidas durante o encontro:
Vai haver beijo, penetração?
Se um dos dois quiser desistir a qualquer momento, o outro topa?
Vocês podem combinar algum sinal ou palavra que indique um ao outro que o que está acontecendo não está legal e é preciso mudar o comportamento. E camisinha é imprescindível!
Mas se um dos dois, e nesse caso o homem, não se sente confortável para tentar, não deve fazê-lo. Se tem valores, princípios ou crenças que não combinam com essa proposta, deve ser coerente com os mesmos. Deve conversar com a parceira e mostrar que é um limite, que se for ultrapassado vai colocar a relação em risco. Então, ela vai ter que fazer uma escolha, abrir mão da fantasia, entendendo que vale mais a pena preservar o relacionamento ou persistir se isso for muito importante para ela.
Mas, se o casal conseguir ser flexível e criativo, ao invés de viver ao vivo e em cores a fantasia, podem imaginá-la. Um vibrador fazendo parte da relação e permitindo uma dupla penetração; o homem vestindo luva em uma das mãos, fazendo carícias ora com uma mão ora com a outra com a parceira vendada; colocar a voz de um casal fazendo sexo ao fundo enquanto transam…. Enfim, o que a imaginação permitir. E indo mais além, existem casas de swing, em que vocês podem ir e olhar outros casais, como vocês, transando, sem participar ativamente de nada se não quiserem.
E por fim, algumas práticas não são bem aceitas durante um período da vida e depois a visão muda, a opinião também. Tanto você como ela podem mudar.
Assim, se agora vocês conseguirem chegar a um acordo, não há nada que impeça nenhum dos dois, daqui a algum tempo, de conversar novamente e confirmar ou mudar essa decisão de hoje.