Meritocracia é um dos discursos mais cheio de falhas que existe. Raríssimo quem o coloca em prática, já que supõe muito trabalho e risco de conflito. É preciso ter coragem para ser meritocrático.
Vale ressaltar que me refiro aqui àqueles que se iniciam em condições semelhantes, não tendo pretensão de politizar o termo. Por exemplo, para obter sucesso, tão fundamental quanto ter talento e se esforçar é ter sorte — o que inclui tudo o que foge ao nosso controle, como nascer em uma família rica, ser filho desse ou daquele, frequentar boas escolas ou, simplesmente, nascer em um país desenvolvido. Defendo que as pessoas sejam avaliadas e recompensadas por suas qualificações.
Nem perseverança, nem talento, nem meritocracia
Há no mundo, porém, muita gente talentosa e trabalhadora que não chega lá, unicamente por não ter alguns privilégios. De novo, aqui não entro nos contrastes sociais. Refiro-me a pessoas com iguais oportunidades de formação e de estudo.
Somente instituições, corporações e academias com alto grau de excelência, boa capacidade para gerir conflitos e maturidade dos integrantes para lidar com a realidade podem legitimar e validar a real competência dos seus colaboradores, alunos e outros.
Poucas vezes assistimos ao mérito vencer, mas vemos, sim, o jogo de forças de poder e, acima de tudo, a política permearem as relações de trabalho e acadêmicas.
No Brasil, a cultura meritocrática é pouco frequente em nossos meios, a começar pela criação dos filhos.
São inúmeros os motivos pelos quais alguém ocupa cargos de relevância. Os critérios podem ir desde os bons resultados até, simplesmente, à força dos laços sanguíneos, familiares e tantas outras razões e circunstâncias. Soma-se a tudo isso a nossa formação cultural que tem pouco apreço pela excelência, pelos princípios éticos das escolhas e por essa brasilidade que quer todo mundo “feliz”, negam-se as diferenças de competências.