E-mail enviado por uma leitora:
“Olá, meu filho tem 18 anos e está com problemas de comportamento, abandonou os estudos, não namora, não sai, está bebendo e fica muito agressivo. Não sei o que fazer. Queria marcar um psicólogo, mas ele não quer ir. Isso tudo está me deixando muito mal. O que devo fazer? Por favor, me ajude!”
Por Anette Lewin
Resposta: Você, como mãe, talvez saiba mais sobre seu filho do que a história que conta aqui.
Certamente, se seu filho abandonou os estudos, algum motivo teve. O que aconteceu? Faltou estímulo? Faltou apoio? Faltou diálogo? Se seu filho foge da sociedade, certamente está se sentindo fracassado, com medo, acuado. Se seu filho está bebendo, certamente está fugindo de uma realidade que, para ele, é insuportável. Se seu filho fica agressivo, certamente não está se sentindo compreendido.
Você, mãe, diz que está se sentindo muito mal com tudo isso. Mas, certamente ele está se sentindo pior. Você, mãe, casou-se, teve filho, realizou planos. Ele ainda não pôde realizar nada. Trancou-se dentro de si mesmo e, provavelmente, só se comunica virtualmente com pessoas com as quais não aprende a desenvolver um relacionamento pois conversas online, quando não agradam, desliga-se e pronto.
Assim, mãe, agora você tem que esquecer que está se sentindo mal e juntar suas forças para tentar estabelecer um vínculo com seu filho e ajudá-lo. Não adianta apenas tentar passar essa tarefa para o psicólogo. Ele já recusou. Precisa de alguém que realmente se preocupe com ele. E você, ao escrever este e-mail, demonstra que está querendo ajudar. Só não sabe como.
Caminhos para ser mãe
Ninguém nasce sabendo, mãe. Não nascemos mães, tornamo-nos mães. Assim, junte todas as suas forças e tente continuar a realizar essa tarefa que você já realiza há 18 anos.
– Converse com seu filho, saia com ele, enfrente as recusas que ele certamente fará.
– Seja resiliente. Procure temas que sejam interessantes para os dois, use seu afeto e sua criatividade para chegar até ele.
– Mostre a ele que existem relacionamentos reais que podem ser bem melhores do que os virtuais; ensine-o a olhar nos olhos, falar o que pensa, o que sente.
– Ajude-o a retomar os estudos, ou, caso não queira estudar, ajude-o a arranjar um emprego, um trabalho, uma atividade que o faça sentir-se útil. Ensine-o a ser alguém. E, sobretudo, empenhe-se no trabalho de mostrar-se a ele como você realmente é. Não mãe, você não é perfeita. Tem suas falhas, seus erros, suas omissões. Mostre a ele que você erra, ele erra, todo mundo erra. Acolha e aceite seu lado humano e imperfeito para que ele possa aceitar e acolher as imperfeições que ele quer esconder do mundo trancando-se no quarto. Faça isso com dedicação e paciência.
– Bata à porta dele e peça licença para entrar. Todo dia. Talvez demore um pouco, mas uma hora ele vai tirar os olhos da tela e olhar para você. Nesse dia, olhe nos seus olhos, esboce um sorriso, e comente um fato de interesse dos dois. Será o início do reencontro com o mundo real.
Se for muito difícil, mãe, procure uma terapia para você. Quem quer ajudar também precisa ser ajudado!
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.