Da Redação
Desafiar os pais e figuras de autoridade, matar aula, mentir e ter comportamentos que vão contra as normas e regras sociais são comuns entre crianças e adolescentes. Contudo, até que ponto isso é normal e quando os pais devem pensar que tais comportamentos estão relacionados a um Transtorno de Conduta (TC)?
Segundo o psiquiatra Caio Magno, a diferença entre a normalidade e a psicopatologia está na frequência desses comportamentos e na disfuncionalidade. “Antes de pensar que o filho tem algum transtorno, é preciso que os pais avaliem a recorrência e consequências desses problemas. O Transtorno de Conduta é caracterizado por um padrão de comportamento em que há violação dos direitos básicos dos outros, normas e regras sociais. Além da recorrência, há prejuízos importantes no funcionamento social, acadêmico e familiar”, explica.
Rebeldia sem limites
Em geral, adolescentes com TC costumam:
– ser agressivos;
– se envolver em brigas;
– mentem, manipulam;
-infringem regras, destroem objetos, furtam;
– se opõem a uma figura de autoridade.
Enfim, apresentam diversos comportamentos que burlam o aceitável socialmente para aquela idade, sem respeito à individualidade do próximo.
De onde vem tanta agressividade?
De onde vem o transtorno de conduta, é uma questão ainda sem resposta. Contudo, estudos sugerem que o ambiente familiar, experiências de vida marcadas por negligência, abuso, instabilidades familiares, convivências com transgressores, bem como história familiar aumentam a frequência do quadro. Possivelmente existe um componente genético, que numa interação com o ambiente de vida da pessoa, pode se expressar mais ou menos e favorecer a ocorrência do transtorno.
Essas crianças e adolescentes sofreram ou sofrem privação afetiva. “Quando há negligência, violência doméstica, uso de drogas ou alcoolismo, pais com problemas psiquiátricos, divórcio e pais que não conseguem impor limites e educar apropriadamente, o risco do desenvolvimento de comportamentos antissociais é maior”, ressalta o médico.
O TC é um dos transtornos comportamentais mais comuns na infância e adolescência. Sua prevalência é de 6 a 16% para meninos e de 2 a 9% para meninas. Em adolescentes, essa diferença de gêneros diminui. Vale lembrar que o TC é um diagnóstico que se aplica apenas a crianças e adolescentes. No caso dos indivíduos com 18 anos ou mais, o fenômeno é tratado como transtorno de personalidade antissocial (TPAS).
Entretanto, segundo o psiquiatra, a presença do TC na infância ou na adolescência aumenta o risco de desenvolver dependência química e o TPAS na idade adulta. Outro ponto importante é que quando os problemas de conduta se iniciam na primeira infância, geralmente há consequências mais sérias do que os transtornos iniciados na pré-adolescência ou na adolescência.
Como saber se meu filho é um rebelde sem limites ou se ele tem transtorno de conduta?
O transtorno de conduta envolve vários padrões de comportamento com características de violação de direitos básicos de outras pessoas e de regras sociais relevantes e apropriadas para a idade. Os transtornos mentais se caracterizam por comportamentos que costumam fazer parte do escopo da normalidade, e que a depender da gravidade, recorrência e prejuízos causados, ultrapassam essa fronteira. Nem sempre é fácil, até para os próprios profissionais, estabelecer se há ou não um transtorno, principalmente se o quadro for mais leve. De modo geral, crianças e adolescentes que de maneira recorrente mentem, brigam, furtam… como dito acima costumam gerar um diagnóstico de transtorno de conduta.
Procurar ajuda é fundamental
O Transtorno de Conduta (TC) deve ser identificado e tratado. Portanto, os pais devem procurar um psiquiatra para uma avaliação. O tratamento normalmente é feito em conjunto com um psicólogo e a terapia é direcionada tanto para o paciente quanto para os pais.
Prevenção começa em casa
É importante entender que os pais têm papel fundamental na educação dos filhos, assim como podem moldar seus comportamentos.
6 dicas para um relacionamento saudável com seu filho
1ª) Reforço Positivo
Elogie quando a criança ou o adolescente se comporta conforme o esperado/combinado.
2ª) Cumpra suas promessas
Isso ajuda a manter seu discurso coerente. Faça o que disse que ia fazer.
3ª) Cuide dos seus comportamentos
Nunca minta na frente da criança/adolescente, afinal eles aprendem os comportamentos por imitação. Isso serve para outros comportamentos inadequados, como xingar pessoas no trânsito, jogar lixo no chão gritar etc.
4ª) Monitore
Veja quem são os amigos, o que a criança/adolescente faz na internet, como está o desempenho escolar. Estudos mostram que o monitoramento parental pode diminuir os comportamentos inadequados.
5ª) Dê atenção e afeto
Crianças e adolescentes que são amados, se tornam adultos que sabem amar. Amor nunca é demais, a presença é mais importante que qualquer presente.
6ª) Coloque limites
Pais são pais, não são melhores amigos. É preciso estabelecer os limites desde a infância e isso deve permanecer na adolescência. Os pais devem ser figuras de autoridade e com respeito e amor, fazer os filhos compreenderem que existe uma hierarquia em casa e que as regras devem ser cumpridas.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.