por Danilo Baltieri
"Estou com um filho viciado em potenay. Ele se nega a ir à consulta e como é maior de idade, não tenho como levá-lo"
Resposta: O potenay é produto de uso na clínica veterinária. Contém vitaminas do complexo B, alguns sais minerais, e a substância mefentermina.
Infelizmente, esse produto tem sido utilizado também por humanos, especialmente entre aqueles que esperam um melhor desempenho e aparência física. Uma busca rápida na internet revela vários sites de discussão entre praticantes de atividades físicas sobre o uso desse produto.
Ocorre que a substância mefentermina pode determinar dependência. Existem poucos casos relatados na literatura sobre síndrome de dependência causada por mefentermina; isso pode ser devido ao fato de que muitos daqueles que fazem uso dessa substância também abusam de outras substâncias concomitantemente, tais como esteroides anabolizantes e álcool.
Estruturalmente semelhante à meta-anfetamina, a mefentermina é uma droga estimulante do sistema nervoso central e tem sido proibida em alguns países. Existem relatos de casos de abuso dessa droga, alguns reportando sintomas de psicose (alucinação e delírios) induzida, e sintomas de hipertensão, arritmias cardíacas e morte súbita. A mefentermina atua no cérebro provocando liberação excessiva de certos neurotransmissores que provocam agitação e desorganização comportamental.
Tenho sempre orientado que os familiares de um paciente dependente devem procurar auxílio e aconselhamento de um especialista em dependências químicas mesmo quando o paciente se nega a procurar ajuda. De fato, o especialista analisará a situação, investigará os pormenores de cada caso, e proporá uma estratégia de manejo.
O fato do paciente dependente não desejar tratamento não significa que não temos o que fazer. Significa que os familiares que prezam o seu ente problemático devem se movimentar no sentido da recuperação.
Não perca tempo!
Abaixo, sugiro a consulta ao seguinte manuscrito:
Kumar Mattoo, S. and P. Parakh, Mephentermine dependence: an emerging challenge. CNS Neurosci Ther, 2012. 18(6): p. 509-10.