por Danilo Baltieri
Depoimento de uma leitora:
“Meu filho tem 17 anos (quase 18). Não sai muito. Hoje, depois de um churrasco com a turma da escola, perguntou se podia beber socialmente. Fiquei sem saber o que responder. Disse que preferia que não. Não sei se fiz bem, se socialmente deveria permitir. Ele me pediu para não falar com o pai, pois não há uma relação boa entre eles. Porém, comigo é muito aberto. Será que fiz bem ou deveria proibir?”
Resposta: O bom relacionamento com a família é um dos principais fatores para a prevenção do consumo inadequado de bebidas.
Nesta idade, comumente, os jovens não se importam com o que os pais pensam sobre o seu consumo de bebidas alcoólicas. Frequentemente, eles são influenciados pela publicidade que associa o consumo de bebidas com o prazer e com o sucesso, pela necessidade de afirmação diante de um grupo e pela própria pressão do grupo. Já no seu caso, seu filho preferiu ouvir a sua opinião e isso é um excelente sinal.
Não tenha medo de conversar com ele, demonstrando claramente as suas preocupações quanto a um possível uso inadequado de álcool. Durante essas conversas, tenha a certeza de que ele ouve você e de que você também o está ouvindo.
Aponte as consequências possíveis que esse consumo pode provocar na vida dele e na dos demais membros da família. Evite conflitos durante essas conversas.
O uso de álcool pode tornar-se um problema que sempre precisará ser abordado e encarado de forma objetiva. Mantenha o “espírito aberto” para ouvi-lo e o “vínculo” para que ele se sinta seguro ao falar sobre seus próprios medos e vontades.
Converse com seu filho em um ambiente tranquilo
Você não proibiu, mas também não ofereceu uma resposta sancionando o uso. Agora, seguramente, você deverá conversar com seu filho sobre isso, em um ambiente tranquilo.
Tenha em mente os seguintes aspectos:
a) Tente, claramente, conhecer as razões atribuídas por ele para consumir bebidas;
b) Fale com ele sobre as suas preocupações;
c) O uso de álcool pode tornar-se um problema e estar relacionado com muitos outros pelos quais o usuário está passando. É fato que uma grande porcentagem das pessoas que usa inadequadamente o álcool enfrenta outros problemas de saúde, como quadros depressivos, ansiosos e timidez. Isso deve ser investigado e adequadamente tratado, caso necessário;
d) Procure conhecer as expectativas do seu filho diante do consumo. Por exemplo, ele pretende tornar-se menos tímido e mais sociável com o uso de bebidas?;
e) Mostrar o quanto determinados comportamentos assumidos estão lhe provocando prejuízos, sem necessariamente relacioná-los ao consumo do álcool, pode melhor motivar o jovem a falar;
f) Se os familiares fingirem que tudo está bem, fornecerem dinheiro para o usuário ou pedirem para que ele beba em casa para correr menos riscos do que na rua, devem estar cientes de que estas condutas reforçarão o consumo;
g) Parece existir já um problema intrafamiliar: você menciona que o relacionamento com o genitor não é bom. Isso precisa ser revisto por vocês de forma rápida. O pai também exerce papel fundamental na estruturação de papéis pelo filho.
Boa sorte!
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.