por Renato Miranda
Com o aumento das oportunidades de prática esportiva, a despeito do Brasil ainda estar muito distante dos países do primeiro mundo, é notório como o talento esportivo é revelado cada vez mais cedo.
Hoje em dia é comum, por exemplo, atletas de futebol por volta dos 18 anos já terem feito contratos com equipes profissionais e outros ainda mais novos com pré-contratos com equipes europeias.
Esse cenário não é específico apenas no futebol, em outros esportes se dá o mesmo. Nunca o dito popular “quanto mais cedo melhor”, foi levado tão a sério. Não é muito raro conhecer casos de jovens por volta dos 14 anos (das mais variadas classes socioeconômicas) abandonarem os estudos para se dedicarem exclusivamente ao esporte.
Independentemente de qualquer outra discussão, o grande dilema de muitos pais e de jovens atletas é a definição concreta do que venha ser talento esportivo.
Em resumo, saber quem será o atleta de alto nível em um futuro breve.
Especialistas em esportes aperfeiçoaram a área de conhecimento específico para tratar a revelação de talento a fim de favorecer e auxiliar pais, professores e pedagogos do esporte.
No entanto, somente quem vive no ambiente do esporte infantil (pais, professores, etc.) sabe como essa dita revelação é recheada de interrogações e angústias. E muitas vezes essas mesmas pessoas querem respostas ou orientações mais práticas na tentativa de ajudarem os pequenos desportistas.
Quando me perguntam sobre isso eu limito minhas diretrizes (dicas) ao aspecto mental. Ou seja, na concentração para lidar com situações práticas, como se pode verificar na seguinte pergunta: “Será que meu filho realmente tem talento?”
Vamos às dicas:
Clareza da realidade esportiva
Ter em mente de maneira clara que o esporte de alto rendimento é muito exigente e para se chegar nesse nível é necessário uma combinação de vários fatores tais como: oportunidade, compleição física, saúde intacta (basta uma lesão grave para tudo se acabar), paciência, tranquilidade para enfrentar constantes desafios, tensões e frustrações, etc.
Autoavaliação
Esporte infantil bem praticado e ensinado oportuniza, naturalmente com o tempo, a pessoa a perceber qual é ou será seu nível. Independentemente do que é capaz de fazer o (a) jovem atleta pode usufruir do esporte para uma vida melhor. Além disso, ser capaz de suportar rotinas de treino, cansaço, dores e tudo o mais que pertence à vida do atleta. Com o tempo, tudo isso precisa ser bem avaliado por aqueles que querem se tornar atletas. E nisso não há nenhum drama, em qualquer atividade humana de alto nível é bom saber que sacrifício é matéria-prima.
Viver o presente
Essa é uma dica que é fácil de entender, mas difícil de colocá-la em prática. Dizer para um garoto (a) de dez anos, por exemplo, que será um (a) craque é gerar ansiedade e uma falsa expectativa. Mesmo para jovens atletas que despertam fascínio nos adultos por suas habilidades, o divertimento deve ser o principal objetivo. Portanto, calma com as pretensões.
Comparar desempenho
Nos esportes individuais com controle de marcas (tempo, distância e outros) a comparação com outros atletas é mais favorecida e o destaque esportivo tem o controle de comparação mais facilitado. Nos esportes coletivos a subjetividade de quem avalia se mistura com as dúvidas e polêmicas entre profissionais e pais. No entanto, quando se fala de esporte de alto rendimento, é necessário constantemente comparar desempenhos para que pais e jovens não se iludam com avaliações localizadas e tímidas. Por exemplo, um atleta de futebol de uma cidade do interior em tenra idade com ótimo desempenho, se comportará em mesmo nível ao enfrentar jogadores de outras cidades e/ou estados?
Finalmente é bom que a motivação e a alegria do jovem praticante sejam observadas pelos pais e profissionais do esporte. Se essas estiverem presentes na experiência esportiva: ótimo. Se, além disso, há um desempenho que “salta aos olhos”: nada de pressa! Vamos ajudar os jovens cumprirem seus destinos.