por Blenda de Oliveira
"Meu filho adolescente de 15 anos é o mais velho de três irmãos. Atualmente, ele questiona muito limites e regras. Uma delas é que estabelecemos o horário para ele estar em casa até às 23h00, mas ele pede para chegar às 02h00, pois todos os demais amigos têm esse horário como limite. No caso, eles ficam conversando e jogando no play no prédio vizinho. Ele leva a chave de casa, chega no horário combinado, mas muito contrariado. Não dá trabalho com os estudos, sempre passou por média. Tenho dúvidas entre permitir e impor; entre negociar e cobrar uma contrapartida. Tenho medo de ceder e me arrepender depois ou de proibir e deixá-lo angustiado sem viver as experiências da idade, sentindo-se excluído."
Resposta: Antes de qualquer coisa, o fundamental é que seu filho saiba que você, como muitos pais, têm maneiras diferentes de educar.
Entretanto, o grupo na adolescência pressiona e impõe códigos nem sempre parecidos com aqueles que os pais pretendem para os filhos e aí estamos diante de um grande desafio. Ceder ao grupo? Manter-se fechado nas próprias regras? Talvez nem um, nem outro.
Faça combinados flexíveis
Como seu filho parece alguém que segue com tranquilidade na vida, você pode pensar em, aos poucos, tornar alguns combinados mais flexíveis. O horário pode ser vagarosamente ampliado, sempre lembrando a ele que a confiança e os créditos serão dados na medida em que ele se mostra maduro para assumir as responsabilidades que a liberdade impõe. O que isso quer dizer? O que vocês combinarem e como combinarem será cumprido: horário, local onde encontra os amigos, quem são os amigos e a frequência das saídas. Se tiver celular deve sempre responder e atender as chamadas ou mensagens que vocês pais queiram enviar. A liberdade exige maturidade, confiança e tudo isso ocorre ao longo do tempo.
Como ampliar o horário de chegar em casa?
Uma sugestão é aumentar uma hora naquela combinada durante 30 dias e vocês vão testar como cada um vai se adaptar a esse novo arranjo.
Depois de 30 dias, aumenta 30 minutos até chegar no horário de 01h00 da manhã. Para chegar às 02h00 da manhã precisa de um pouquinho mais de tempo. Nada disso é fixo. Pode mudar, pode rearranjar, tudo dependerá dele e de todo o resto que ele precisa cumprir: escola, organização, modo como se relaciona com os pais etc.
Converse com ele e deixe claro que repensou, pois levou em consideração como ele tem sido responsável e decidiu colaborar, mas nada tem a ver com a contrariedade dele, já que estar contrariado faz parte da vida.
Nem sempre receberemos tudo como queremos e os pais, principais responsáveis pelos seus filhos, são eles que decidem e sabem o que é melhor para os filhos.
Filho que se sente cuidado pelos pais e tem responsabilidades tende a ser seguro no futuro
Quando os filhos se sentem realmente cuidados e, ao mesmo tempo, é dado a eles responsabilidades coerentes com o que podem arcar, há um sentimento de segurança e no futuro surge a gratidão pelos pais terem sido cuidados. Pais não devem ser reféns dos códigos impostos pelo grupo social dos filhos, mas podem considerar as mudanças que experimentam-se nos dias de hoje, adequando, corrigindo e acertando todo o tempo a rota. Educar é isso, estar aberto a repensar sem, no entanto, perder o norte dos valores que são importantes para a família.
Boa sorte!