por Renato Miranda
É perceptível a importância do esporte na vida dos adolescentes. Em poucas palavras, pode-se dizer que no aspecto físico, a prática esportiva promove a condição orgânica (coração mais forte, recuperação e descanso facilitados), músculos desenvolvidos (previne lesões e gera mais capacidade na execução de diversas tarefas), além de potencializar o crescimento, entre outros benefícios.
No aspecto psicológico, em resumo, há melhorias significativas das capacidades de concentração, motivação, controle do estresse e aumento da autoconfiança. Essas melhorias somadas à expansão da capacidade cognitiva, formam um excelente exemplo dos benefícios psicológicos que o esporte pode providenciar na vida dos jovens.
Em relação ao aspecto social é suposto que o esporte proporciona mecanismos de desenvolvimento do comportamento gregário e da comunicação interpessoal, reverberando ainda na autodisciplina e na conduta ética desejável, representada principalmente pelo respeito às regras de jogo, aos colegas e demais envolvidos.
Nesse pensar descobrir qual esporte é compatível às capacidades psicofísicas e vontades do jovem é um desafio que demanda tempo e esforço não só dos jovens, mas de profissionais e pais.
Nesse processo de descoberta, destacam-se ainda as modificações e instabilidades psicofísicas inerentes à adolescência, como por exemplo, crescimento (altura do jovem!), comportamento social (influência de modismos, por exemplo), amadurecimento emocional e outros.
Nesse cenário recheado de incertezas e instabilidades surge um conflito para os pais administrarem: O adolescente (aqui particularmente entre 12 e 15 anos) deseja mudar de esporte frequentemente, por alguma insatisfação ou motivos diversos.
Como devem agir os pais?
Essa é uma situação considerada normal, mas que gera conflito quando mal tratada. Além disso, é importante que os adolescentes vivenciem diferentes modalidades esportivas, a fim de facilitar a descoberta do esporte mais coerente em relação a suas características e para auxiliar na formação de um repertório amplo de habilidades.
No entanto, antes que um conflito se estabeleça, os pais devem estar atentos a essas mudanças. Em primeiro lugar é fundamental avaliar o motivo da vontade da mudança do esporte: problemas de relacionamento com colegas ou professor, ambiente esportivo com pouca estrutura física ou organizacional e outros.
Ademais é aconselhável que os jovens só mudem de esporte somente após completar um período mínimo de experiências, a fim de descobrir elementos significativos para fazer uma melhor autoavaliação de sua relação com o determinado esporte.
Esse período pode ser proposto pelos pais após analisarem em conjunto com os profissionais do esporte, as diversas variáveis que podem influenciar a participação dos jovens em determinada experiência. Por exemplo, investimento financeiro, identificação dos pais e dos jovens com os objetivos da instituição esportiva, perspectivas de nova descoberta que poderá surgir com a prática esportiva, nível de exigência, estratégias didáticas de insistência (afinal, quantas vezes atletas adultos consagrados relatam que no início da carreira não gostavam muito do esporte e pensaram em desistir!) e outros.
Sendo assim proponho um período mínimo de tempo para a prática esportiva, para que seja possibilitado ao jovem atingir metas básicas que, muitas vezes, serão motivo para sua permanência e descoberta de novos desafios ou para sua definitiva mudança de esporte.
Esportes: metas básicas
– Aprender ao menos um estilo na natação;
– Esportes coletivos (vôlei, basquete, futebol, handebol outros): aprender os fundamentos básicos do jogo;
– Executar os principais fundamentos do tênis;
– Executar os movimentos básicos do judô e assim por diante…
Com essa estratégia soluciona-se um possível conflito e evita-se um comportamento intempestivo e inseguro.
Há apenas uma observação: quando há sofrimento por parte do jovem esportista, é preciso agir rapidamente para sanar tal sentimento e a mudança de esporte nesse caso pode ser mais rápida e/ou radical, pois esporte sem alegria e envolvimento não vale a pena!