Meu marido é mais um “amigo” ou “filho” do que parceiro. É possível mudar isto?

por Anette Lewin

"Estou em dúvida se devo continuar com meu casamento. Meu marido é artista e passa por muitas crises em relação à sua arte, se sente inseguro, acredita que o que faz não é bom. Estamos há 15 anos juntos entre namoro e casamento e eu não consigo mais aconselhá-lo, apoiá-lo. Sinto-me sem forças, sem paciência. Às vezes, sinto que vejo ele mais como um amigo ou "filho" do que como parceiro. Diante disso, como poderia resolver esta situação?"

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Resposta: Se você passou 15 anos casada, certamente usufruiu dessa relação apesar dos problemas profissionais de seu marido. E nesse momento é importante que você entenda o que existe ou existiu nessa relação para que ela pudesse sobreviver por tanto tempo.

Sua queixa diz respeito ao fato de você sentir que tem ao seu lado uma pessoa dependente e não alguém com quem possa dividir responsabilidades. Sendo seu marido um artista, crises são esperadas mesmo. O sucesso no mundo artístico é para poucos e, por incrível que pareça, depende muito mais de resiliência (autossuperação) do que de talento. Assim, não existem conselhos que aliviem a frustração de quem não consegue se levantar sozinho dos tombos.

O que você poderia fazer para ajudá-lo, seria estimulá-lo a ter alguma outra atividade e não ficar totalmente dependente da arte para sobreviver. Ele pode, por exemplo, dar aulas na sua área de atuação ou dedicar-se a algum trabalho diferente para se sentir ativo e não ficar dando voltas ao redor de suas frustrações.

Lembre-se, porém, que se você sente que seu casamento já chegou a um ponto de saturação, de nada adiantarão pequenas mudanças. Nesse sentido, pense bem se vale a pena arriscar-se a ficar se esforçando por algo que você, no fundo, não quer mais. Aí voltamos ao inicio da reflexão: o que fez você ficar casada por 15 anos? Quais os pontos fortes da relação? Esses pontos ainda estão presentes hoje em dia ou só ficaram os pontos negativos?

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Pense também como seria sua vida separada dele: já se imaginou vivendo sozinha ou com outra pessoa? Que tipo de concessão estaria disposta a fazer nesse momento de sua vida? Sim, porque há 15 anos atrás você, provavelmente, queria saber como é estar casada e se dispôs a pagar para ver. Hoje, você já sabe o que é um casamento e, mesmo que mude de parceiro, sabe que sempre existirão aspectos tensos entre o casal. Cabe a você resolver se vale o risco ou não.

Finalmente, lembre-se que se você está vivendo com uma pessoa que se comporta como filho, é possivel que você tenha ajudado a moldar e reforçar esse comportamento nele. Talvez você goste de dominar e ele de ser dominado, paparicado e consolado. Nesse sentido, caso esteja pensando em se separar e encontrar outra pessoa, tome cuidado para não repetir os mesmos comportamentos e acabar levando seu próximo parceiro a agir da mesma maneira.

Encontrar pessoas interessantes não é uma tarefa difícil

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Encontrar pessoas interessantes não é uma tarefa difícil. O difícil é preservar o lado interessante das pessoas num relacionamento amoroso. Se você ficar dando bola apenas para os defeitos e as lamúrias de alguém, são esses defeitos e essas lamúrias que ficarão em evidência encobrindo o lado interessante da pessoa que um dia você conheceu e gostou.