por Danilo Baltieri
"Não sei como agir. Meu marido está viciado em LSD "doce". Ele é um consumidor de final de semana. Quando não saímos ele não toma, mas sempre que saímos ele toma, porque se sente melhor e se diverte mais. Já tentei conversar sobre o assunto, explicar sobre o perigo do consumo e já tentei não falar nada… Mas ele está ficando cada vez mais defensor do uso. Agora, fica extremamente irritado por qualquer coisa, desanimado e depressivo, mas não admite a dependência e eu não sei mais o que fazer. Já propus procurar ajuda com um profissional, mas ele se nega a assumir o vício. Já pensei em falar com os pais dele, mas não sei se farão alguma coisa positiva em relação a isso. Há algo que eu possa fazer? Ajude-me !!!"
Resposta: O LSD (dietilamida do ácido lisérgico) foi descoberto em 1938 e é produzido a partir do ácido lisérgico, que por sua vez é encontrado em um fungo (ergot).
É uma droga vendida em tabletes, cápsulas, líquido e mesmo em papéis absorventes. Produz efeitos psicológicos imprevisíveis, com “viagens” que podem durar até 12 horas, marcadas por distorções do tempo e do espaço, crises de pânico e ansiedade. Com doses moderadas a altas, o usuário pode experimentar alucinações e delírios. Os efeitos físicos são: taquicardia, aumento da temperatura corporal, hipertensão arterial, perda do apetite, tremores e alterações na quantidade e qualidade do sono. Usuários de LSD podem experimentar fenômenos conhecidos como “flashbacks”, ou revivescência de certas experiências pretéritas relacionadas ao consumo da droga.
Em 2007, nos Estados Unidos, cerca de 9% da população acima de 12 anos de idade reportou ter feito uso de LSD pelo menos uma vez na vida. Segundo estudos americanos (Monitoring the Future Survey, 2008), houve um aumento no consumo, avaliado como o uso no último mês da pesquisa entre estudantes do 12º grau (americano) em relação ao ano anterior. Os pesquisadores atribuem esse aumento do uso no último mês nessa população à redução na percepção que os estudantes têm sobre o risco que a droga pode representar.
De fato, muitos usuários dessa droga voluntariamente desistem de continuar a usá-la ainda na juventude. Embora a capacidade da droga em provocar quadros de dependência seja questionável, o LSD induz tolerância, ou seja, o usuário procura progressivamente maiores doses para obter os efeitos desejados. A tolerância é um grande problema, dados os efeitos deletérios imprevisíveis da substância. Também a associação com outros alucinógenos e outras substâncias como o álcool, aumenta o risco de desenvolver problemas físicos e psiquiátricos.
Usuários de substâncias psicoativas costumam procurar tratamento médico e psicológico, quando os efeitos nocivos do consumo sobre os diversos aspectos da vida são sentidos. Pelo visto, você está preocupada com o padrão de uso do seu esposo e tem discutido isso com ele. Da mesma forma, o seu esposo parece não fazer uso da droga, quando vocês não saem. Também, existem múltiplas formas de convívio social que não estão diretamente associadas ao uso de bebidas e outras drogas.
Abaixo, transcrevo algumas sugestões:
a) Procure diversificar as atividades de lazer que vocês têm. Existe uma miríade delas que nada tem a ver com o consumo de bebidas ou outras drogas;
b) Se o seu esposo apresenta sintomas como desânimo, depressão, irritabilidade (como reportado na sua pergunta), tente convencê-lo a ter uma consulta médica, não relacionando essa busca por ajuda ao consumo de drogas. Você pode dizer que ele poderia fazer um check-up para ver se tudo está bem, já que ele tem demonstrado sinais de fadiga, irritação, cansaço. De fato, esses sintomas podem não estar associados ao consumo da droga;
c) Você deve também procurar ajuda profissional a fim de angariar mais recursos para lidar com a situação;
d) Se amigos e familiares também estiverem preocupados com o estado de saúde do seu esposo (não necessariamente amigos ou familiares conhecedores do consumo de drogas que ele faz), eles podem ajudar no processo de convencimento para buscar ajuda médica geral.
Atenção!
Este texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento.