Meu marido não admite seus erros. O que faço?

E-mail enviado por uma leitora:

“Olá, estou com dificuldades para dialogar com meu marido. Ele não aceita estar errado, não aceita ser afrontado, muito menos corrigido, não sabe pedir desculpas. Mas quando sou eu quem piso na bola … enfim… Só para que fique mais claro, vou citar uma situação. Estávamos em visita na família dele, e de repente ele começa a contar situações passadas. Exemplo: fiz uma surpresa no dia dos namorados, porém ele é caminhoneiro e chegou cansado e eu não estava com tudo preparado, porque ele me deu uma previsão de horário errada, chegando antes do previsto. Por conta disso, tudo atrasou e demorei uma hora pra ir buscá-lo na empresa. A surpresa foi maravilhosa, mas até hoje ele fala do tempo que ficou esperando e isso já se passaram dois anos. Então ele vai e começa contar isso pra família, mas no sentido de que sou lerda, no sentido ofensivo. A família dele começou a rir e falar, falar, falar e eu na hora me senti constrangida. Depois quando já tínhamos saído, no carro, a sós, eu disse que não tinha gostado, que tinha me sentido constrangida, ele não gostou, disse que era brincadeira etc; não me pediu desculpa. Eu repeti dizendo que não havia gostado, ele me mandou calar, e agora está sem falar comigo direito. Como devo agir nessa situação?”

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Resposta: Nem todo mundo pede desculpas com palavras. Às vezes, a atitude diz mais do que um pedido formal através de palavras jogadas ao vento.

Vamos ver o que aconteceu na situação relatada por você: seu marido a colocou em situação constrangedora frente a familiares expondo uma “falha“ sua em relação a ele: atrasar-se muito para buscá-lo. Você disse a ele que ficou chateada com a exposição em público de um assunto do casal. Ele não respondeu. Você insistiu. Ele ficou bravo e fechou a cara com você.

Sim, você tinha que mostrar para ele que o comportamento dele não agradou. Mas, de nada adiantava ficar esperando dele um pedido de desculpas verbal. Muito provavelmente ele nunca pediu desculpas… como esperar que, de repente, num passe de mágica, ele tivesse uma reação muito diferente de todas que já teve?

Ponto de irritação

O ponto que o irritou, provavelmente, foi a sua insistência. Se você tivesse falado uma vez, uma vez só, e ficado em silêncio, talvez ele teria tido o tempo de refletir sobre o que você estava dizendo e evitar repetir essa exposição numa próxima vez. Afinal, era isso que você esperava dele em termos de comportamento. Você pode ter irritado seu marido por apressá-lo em pedir desculpas com palavras. Mas do que adiantaria ele pedir desculpas e fazer a mesma coisa numa outra situação? Além disso, observe que a briga de vocês se deu porque ele não teve a paciência necessária para esperá-la. Mas na situação descrita por você, você também não teve paciência para esperar que ele “digerisse” sua crítica. Foi falando logo uma segunda vez, e aí o caldo entornou…

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É preciso aprender a respeitar o tempo do outro

Isso sinaliza que vocês, como casal, têm que aprender a respeitar o tempo do outro se quiserem ter um diálogo mais saudável. Se ele tem que aprender a ser mais tolerante com seus atrasos, você tem que aprender a ser mais tolerante com o tempo que ele leva para pensar e analisar o que você fala. Evite ficar repetindo o que já falou uma vez. Quem sabe, funcione melhor.

Não se expõe o par na frente de terceiros

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Quanto à situação em si, expor questões do casal frente a terceiros, sim, você tem razão, isso não se faz. Mesmo que seja uma brincadeira. Mas não é tão raro assim acontecerem situações de constrangimento como essa, principalmente quando as pessoas estão em reuniões com amigos ou família, bebem um pouco, e ficam com a língua mais solta. Se quiser conversar com ele sobre isso, tente escolher um momento adequado, em que ambos estejam sóbrios, calmos e com disponibilidade de escuta. Melhor do que falar num momento de cansaço.

Dialogar faz o relacionamento evoluir

Diálogos entre o casal sempre podem fazer o relacionamento evoluir e, em geral, são positivos. Mas é importante avaliar quando é hora de falar e quando é hora de calar. Ou quando é hora de agir. Se quisermos que nossas palavras ou nossas atitudes tenham efeito sobre nossos interlocutores, temos que falar ou agir no tempo apropriado. De nada vale um pedido de desculpas sem a real intenção de melhorar. E uma nova atitude, fruto de uma reflexão, às vezes pode demorar para ser adotada. Pense nisso.

Atenção!

Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.