por Anette Lewin
"Tenho uma autoestima equilibrada, mas meu marido possui um comportamento misógino. O que fazer para minha autoestima não ficar abalada? Como ajudá-lo para que nosso casamento seja preservado?"
Resposta: Você se descreve como uma pessoa com autoestima equilibrada, em constante bombardeio por um companheiro misógino. Mas, em sua tentativa de preservar seu casamento, você faz dois enfoques diferentes. O primeiro em proteger sua autoestima dos ataques; o segundo, "ajudar" seu companheiro misógino.
A definição clássica de um misógino seria um homem que odeia as mulheres. Assim, a primeira reflexão a ser feita seria o questionamento sobre a real adequação dessa definição aos comportamentos de seu companheiro. Como você não descreve esses comportamentos, fica difícil entender que tipo de ataque você sofre. Ele trata você mal? Fala mal de todas as mulheres? É cruel com você? Despreza todas as suas tentativas de agradar? Era gentil no começo e mudou depois?
Bem, mesmo que ele apresentasse todas essas características não seria, necessariamente, um misógino. Poderia ser apenas um homem inseguro, rude, com uma história de vida onde a figura feminina o tratou mal, enfim, milhões de hipóteses cabem aqui. Pergunte-se, por que ele está ao seu lado? Seria só para destruir você? Ou em algum momento ele realmente se afeiçoou à sua pessoa? Será que existe, em relacionamento, uma definição absoluta de quem está certo e quem está errado? Ou ambos, em geral, são responsáveis pelo equilíbrio ou desequilíbrio da relação?
Bem, frente a esses questionamentos, parece que a melhor coisa a ser feita é tentar se proteger de eventuais ataques ao invés de focar o relacionamento neles. A velha regra de não dar atenção a comportamentos inadequados funciona. Assim, frente a uma crítica dele com a qual não concorda, evite ficar discutindo com argumentos que lhe pareçam lógicos para tentar convencê-lo. Lembre-se que ele não quer ser convencido de nada. Quer apenas atingir você. Se você der qualquer demonstração de que ele está conseguindo o que quer, estará reforçando e perpetuando o comportamento destrutivo dele. Se não der muita bola, experimentar mudar de assunto, ou tentar trazer novos temas para a relação, estará demonstrando que não se dispõe a ser parceira para jogos destrutivos.
Reflita também por que escolheu esse tipo de pessoa para se relacionar. Ou seja, tente entender se os ataques que ele faz a você no momento não foram instigantes em algum momento da relação; se as críticas que ele fez não soaram verdadeiras e foram confundidas com demonstrações de afeto; se você não levou, inconscientemente ,esse homem a tratar você do jeito que trata. Talvez, embora você defina sua autoestima como "equilibrada", exista nela alguma fragilidade por onde o vírus da destrutividade conseguiu entrar, se instalar e ser alimentado. Se assim for, cabe a você tentar entender onde se encontra essa fresta perigosa e desenvolver defesas para trancá-la quando necessário.
Caso não consiga fazer isso sozinha, procure ajuda terapêutica. Isso poderá ajudá-la a perceber-se melhor, entender seus mecanismos internos e adquirir mais recursos para defender seu casamento de forma saudável.