Meu marido reclama de tudo em mim

E-mail enviado por uma leitora:

“Sou psicologicamente dependente do meu marido. Tive diversas oportunidades de me libertar e, ao invés disso, me amarrei mais a ele, que reclama da minha comida, do meu comportamento, reclama que engordei, das minhas roupas, que ronco… Quando me afasto e percebe que estou feliz, faz chantagens emocionais. No passado tentei me separar e ele me ameaçou. Hoje me amarrei tanto, que nossa vida financeira está entrelaçada. Todas as vezes que tento ter uma conversa para resolver amigavelmente a situação, ele se torna violento. Tornei-me uma chata; sinto muita tristeza, solidão e falta de alegria.”

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Resposta: Você descreve um relacionamento tenso, ao qual, por acatar os comandos do seu marido, ao invés de pensar com a própria cabeça, acabou presa numa armadilha difícil de sair.

Mas… calma! Para tudo tem jeito. Você precisa tentar escapar dessa armadilha. É fato. Mas para isso, precisa planejar-se e evitar tomar atitudes impulsivas.

Primeiro passo: resgate sua autoestima

Antes de mais nada, é importante que você resgate sua autoestima. Olhe para você mesma. Seu marido diz que você está gorda. Está mesmo? Você gosta de sua imagem no espelho? Ou não gosta? Caso não goste, pode fazer alguma coisa com relação a isso? Pode tentar emagrecer? Não por ele, mas por você mesma.

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Sua comida é ruim? Bem, paladar não se discute, mas tente caprichar nos pratos que faz. Faça uma comida que você aprecia. E assim por diante. Tente, num primeiro momento, fazer uma autocrítica e reavaliar suas atitudes e comportamentos. Talvez, você mesma perceba que existem coisas em você que você não aprecia; talvez seus comportamentos estejam muito automatizados e você os repete sem avaliar se eles são adequados; talvez a escolha de suas roupas deva ser revista no sentido de estarem combinando com seu perfil físico atual. Em suma, tente fazer uma revisão geral de você mesma. Com critério, com verdade. E, se necessário, mude aquilo que não agrada mais. É a primeira tentativa de voltar a pensar e agir por si própria ao invés de ser dominada e julgada pela cabeça de seu marido.

Segundo passo: pense racionalmente   

Quando você se sentir melhor, aí sim, é hora de pensar racionalmente se quer ou não continuar nesse relacionamento. Porque segundo seu relato, nas vezes em que teve a oportunidade de se libertar, acabou se amarrando mais ainda… provavelmente porque não se sentia capaz de tocar sua própria vida sozinha e acabou se agarrando a ele como tábua de salvação. Por isso, é importante fortalecer-se antes de tomar qualquer decisão relativa ao seu casamento.

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Terceiro passo: tenha um plano de ação

Fortalecer-se significa também ter um plano de ação caso você resolva se separar. Já pensou como você tocaria sua vida longe dele? Você diz que a vida financeira de vocês está amarrada. Você trabalha? Ou é dependente dele? Caso trabalhe, veja se tem condições de, com o que ganha, ter um lugar para morar e pagar suas contas. Se não trabalha… bem, aí seria importante pensar em trabalhar. Certamente isso levará um tempo, mas é melhor pensar e agir com calma do que propor uma separação e ter que voltar atrás, como já aconteceu com você.

É possível que mudando algumas atitudes, você consiga fazer com que seu marido olhe para você com outros olhos; é possível que se você se cuidar mais, física e emocionalmente, seu marido perceba que se continuar tratando você mal, você irá embora. Mas também existe a possibilidade de nada disso adiantar e você chegar a uma situação limite em que só a separação será a solução. Se isso acontecer antes de você estar fortalecida, tente ir se afastando aos poucos para sinalizar que desta vez é pra valer. Não dê esperanças nem acredite em promessas de que ele vai mudar. Mantenha-se firme na sua decisão.

Atenção!

Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.