por Marcelo Toniette
"Sempre tivemos uma boa convivência. Nos últimos meses ele mudou bastante e disse que está apaixonado por um homem."
Resposta: É muito comum classificarmos as pessoas a partir da orientação do desejo sexual: as heterossexuais (que têm desejo afetivo-sexual por pessoas do sexo oposto); as homossexuais (que têm desejo pelo mesmo sexo); e as bissexuais (que têm desejo por ambos os sexos).
Nessa classificação, muitas vezes se esquece que por detrás do rótulo existe uma pessoa singular, que nem sempre se identifica com essas classificações identitárias. Quando você fala em "tendências homossexuais" do seu companheiro, você toma como referência aquilo que aprendeu socialmente a relacionar com a homossexualidade.
É importante se ter claro que a orientação do desejo afetivo-sexual (heterossexual, homossexual, ou bissexual) não é rígida, e depende do contexto social para ser classificada, a partir de uma dada ordem social. Desse modo, sempre existe uma variação nas diferentes culturas e em diferentes momentos históricos. Isso posto, dentro das categorias heterossexual, homossexual e bissexual, existe as mais variadas formas de expressão afetivo-sexual.
No passado, aquilo que fugia do modelo heterossexual reprodutivo era tido como doença, como desvio. A homossexualidade e a bissexualidade, a partir dos mais variados estudos, deixaram de ser classificadas como doença, ou desvio, passando a ser compreendidas enquanto possibilidades da expressão humana, assim como a heterossexualidade.
Vejo na questão trazida por você que existe uma dúvida quanto a forma de agir nessa situação em que seu marido declara-se apaixonado por outro homem. A decisão dos rumos da união de vocês deverá ser feita em conjunto. Essa decisão pode ser tomada com uma conversa aberta entre você e seu companheiro, sendo levado em consideração dois pontos importantes: o primeiro é refletir se você deseja permanecer nesse relacionamento; o segundo é saber se ele deseja continuar nesse relacionamento. A partir desses dois pontos é que um posicionamento de vocês dois poderá surgir, um terceiro ponto. Um ponto que auxiliaria a você e seu companheiro nessa reflexão: o que motiva a manutenção da união de vocês dois? A partir disso, coloquem em prática aquilo que gerará menos sofrimento em ambos.
De nada vale você se deixar levar por conselhos que vem de fora. Nesse momento é perceber, no seu coração, que rumo você quer dar para a própria vida. Você se sente confortável tendo como base de sua vida o "prender" ou o "soltar" alguém? Como você se sente nessa situação?
Quando falamos de casamento, união, parceria, falamos de uma relação que tem como essência uma via de mão dupla, uma troca entre duas pessoas, um desejo de estar com o outro, um encantamento, uma coisa gostosa de estar com o outro. Porém, a velha história do: "Não precisa que me ame, pois o amor que tenho por você já é o bastante para sermos felizes" é uma ilusão que, no final, culmina em sofrimento. Além de amarmos, o sentirmos amados é fundamental para uma relação.
Existem as mais variadas formas de duas pessoas se manterem casadas. Veja aquilo que fica mais confortável e dentro dos limites de cada um. Nem sempre modelos e padrões aplicam-se no cotidiano. Somente vocês dois é que sabem onde podem chegar, e o que podem fazer para favorecer a felicidade mútua.
Minha esposa fala que me ama, mas não sente desejo sexual, isto é normal? O que posso fazer para reverter essa situação ou pelo menos tentar ajudar?
Resposta: A diminuição ou a ausência de desejo sexual é muitas vezes erroneamente confundida com a falta de amor. A diminuição ou ausência do desejo sexual pode acometer uma pessoa em determinado momento da vida, ter curta duração, ou perdurar por longo tempo. Os fatores relacionados a essa dificuldade podem ser dos mais variados, a exemplo de uma educação negativa relacionada ao sexo, rígidos preceitos morais, presença de alguma dificuldade sexual, precário conhecimento sobre o próprio corpo, ansiedade, excesso de trabalho, estresse, depressão, entre outros.
A partir desses inúmeros fatores, não há do que duvidar do sentimento de sua esposa por você. Ela, ou melhor, vocês atravessam por um período em que podem aprender juntos algumas possibilidades na vida sexual. Vejam aquilo que pode estar interferindo na vida sexual de vocês. Muitas vezes o casal nem se dá conta de que estão excedendo em algum segmento da vida, deixando a vida sexual de lado.
E em se falando de casal, que tal retomar pelo princípio? Isso mesmo, abram mão por um tempo das relações sexuais, e façam como quando eram um casal de namorados, resgatando a cumplicidade, o respeito, a consideração, as carícias íntimas e, com isso, o mais importante, aquela sensação boa de um estar com o outro. Explorem sensações, saiam da rotina, falem sobre suas fantasias, enfim, mostrem-se um ao outro fortalecendo a idéia de parceria. À medida que o desejo for surgindo, retomem a vida sexual de vocês, sem pressão, sem ansiedade, de uma forma tranqüila.
Apresentei algumas sugestões visando facilitar a expressão do desejo sexual, e não se caracterizam como uma fórmula pronta, e muito menos substituem a avaliação profissional.
Atenção!
As respostas do profissional desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psicologia e não se caracterizam como sendo um atendimento