E-mail enviado por uma leitora:
“Olá, estou querendo me separar do meu marido, não aceito a forma como ele cria seus filhos, supermimados, não podem ser contrariados, não sabem o que é não; não respeitam o pai e ninguém. Enfim, o menino usa droga e a menina é depressiva, e o pai não faz nada; tem medo de magoar os filhos. Estou com essa pessoa há 13 anos, não aguento mais, falo em separação ele não aceita e nada muda. Só piora, o que devo fazer?”
Resposta: A primeira coisa a fazer é entender que os filhos são dele e, portanto, a responsabilidade é dele. O ideal seria você não se envolver, não dar palpites, enfim, adotar uma posição neutra com relação a esses filhos e só interferir caso aconteça alguma agressão explícita contra você.
Certamente conviver com filhos adolescentes, ou adultos jovens, de outro casamento do parceiro, não é das tarefas mais fáceis. Quase sempre acaba acontecendo uma disputa por atenção entre a nova esposa e esses filhos. E como o pai, em geral, se sente culpado quando os filhos não estão bem, acaba priorizando os filhos em detrimento da nova companheira. Parece ser esse o seu caso.
Você diz que “fala em separação”, mas ele não aceita. Avalie, antes de propor uma separação, se você realmente acha que quer e que está decidida a se separar. Afinal, você já convive com essa pessoa há 13 anos e os filhos já existiam quando você aceitou esse vínculo com ele. Além disso, em algum momento, esses filhos devem tomar seus rumos e viver suas vidas longe de vocês. Assim, talvez valha a pena ter um pouco mais de paciência e esperar que o tempo se encarregue de resolver a questão.
Qualquer decisão tem que ser muito bem avaliada
Mas pode ser também que, em função da problemática deles, esses filhos decidam ficar grudados no pai por mais um bom tempo… Aí, a decisão tem que ser sua. Separar, morar em casas separadas… Enfim, qualquer proposta que você faça tem que ser muito bem avaliada. Você tem que saber se quer ficar sozinha mesmo, se tem condições financeiras de bancar sua própria vida, se está emocionalmente preparada para iniciar uma nova proposta de vida.
Entenda que, embora você não possa fazer grandes coisas para mudar os filhos dele e a relação que ele tem com eles, ainda é possível tentar uma maior neutralidade com relação aos problemas que, certamente não são de sua responsabilidade. Você ainda pode, mesmo casada, tentar ocupar seu tempo com coisas que você pode escolher, ao invés de ficar envolvida com uma situação de relacionamento familiar que você não escolheu mas, por circunstâncias, é obrigada a tolerar. Em outras palavras, tente tolerar de longe o que você não escolheu e chegue mais perto de coisas que você pode escolher: novas atividades, novos amigos, novos entretenimentos de lazer. É possível que dessa maneira sua relação com ele se torne melhor.
Por outro lado, a ajuda que você pode dar a ele é estar ao seu lado dando a ele um conforto emocional quando sentir que ele precisa. Evitando dar palpites na educação dos filhos, mas direcionando a conversa para planos a dois que vocês possam construir. Afinal, em quase todos os casamentos, existem familiares que acabam trazendo algum desconforto ao casal. E todo casal tem que saber evitar que a vida dos outros vampirize a energia que o casal deve investir em seus planos pessoais. Tente ser a pessoa que acalma, não a que coloca mais lenha na fogueira das brigas. É difícil, mas com boa vontade é possível. Ou então, assuma uma separação real com todos os ônus e bônus que ela traz. Ficar ameaçando pouco adianta…
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.