por Thaís Petroff
“Dimensão do medo é proporcional ao poder que damos a ele”
Real é o que acredito ser real, assim como ilusório é o que vejo como tal. Só é possível definir o que é real quando se trata da subjetividade de cada um.
O que é real para mim, não é necessariamente para você. Não existe uma realidade única e fixa. A realidade que você vê depende unicamente de sua percepção do mundo, dos outros e de si mesmo.
Ela é determinada pelos pensamentos provenientes de suas crenças.
Tudo o que você percebe só “é” dessa maneira em função do que você acredita. Tirando as questões ligadas a fatos biológicos, como por exemplo, sentir dor ao colocar a mão sobre o fogo, todas as nossas outras percepções são influenciadas por nossos pensamentos e, portanto, por nossas crenças.
Por exemplo, sinto ciúme (medo de que me tirem o ser amado), porque tenho uma crença que se fundamenta nisso, fazendo com que me sinta ameaçada. Sinto ansiedade (medo de algo que possa ocorrer no futuro) porque acredito que alguma coisa ruim possa acontecer. Tenho medo de ladrão, pois creio que ele possa me fazer algum mal. Esse medo é real e tão grande quanto o poder que eu der a ele.
Não é possível entrarmos em uma discussão do que é real ou ilusório uma vez que, como disse acima, isso é subjetivo. Por exemplo, para uma mulher o fato de o marido chegar tarde em casa, pode ser visto como uma ameaça para o casamento, pois para ela existe o temor de que ele esteja com outra, e isso pode não ser percebido assim por uma outra.
Nessas situações, não é possível dizer que o medo dessas pessoas não seja real. Para elas, é, e muito. A questão a ser analisada é o que gera esse medo; ele é distorcido ou baseado em fatos?
Enquanto acreditar que a fonte desse medo é real, ele assim será. A partir do momento em que passo a questionar ou duvidar dessa crença geradora do medo, ele passa a ser possivelmente ilusório. Penso então na possibilidade de meu marido estar atrasado, porque ficou preso no trânsito; crio outro pensamento possível (hipótese) e consequentemente meu medo diminui.
O que é uma crença?
Assim, somos nós que alimentamos nossos medos e os tornamos tão reais e grandes quanto queremos. Digo “queremos”, pois as crenças são construções nossas. São apanhados de experiências, sensações, percepções, aprendizados, sentimentos, entre outros, que fomos selecionando e agrupando durante nossa história de vida. Escolhendo alguns pontos e negando outros, de maneira a ir montando um quebra-cabeça no qual cada peça foi minuciosamente colocada.
Isso ocorre, pois temos controle sobre o que se mantém na nossa mente, mas há os pensamentos automáticos que irrompem e surgem espontaneamente, sem que tenhamos controle sobre seu aparecimento. No entanto, mantê-los, identificar-se com eles e concordar, está sob nosso controle. Isto é uma decisão e responsabilidade nossa, uma vez que eles permanecem por assim “desejarmos”.
Quando aceitamos um pensamento, sem questioná-lo, pressupondo que este é um fato (e não uma hipótese) esta é uma escolha que fazemos. Por isso, em última instância, somos responsáveis por tudo o que sentimos, inclusive por nossos medos.
Como encará-los? Questionando a si mesmo, ou seja, o que você acredita como verdade hoje. Somente assim o que você vê como realidade poderá se modificar.