por Danilo Baltieri
"Descobri que minha filha de 15 anos consome maconha há um ano e meio. Fiquei desesperada, chorei muito e resolvi chamá-la para conversar. Ela me disse que quis usar e que não foi influenciada por ninguém e que, mesmo usando de modo moderado, não a atrapalha em nada na escola, no trabalho… Pediu para não contar nada ao pai (já que somos separados) e nem ao padrasto que já anda desconfiado".
Resposta: Tenho reiteradamente oferecido algumas dicas sobre como pais e demais familiares podem tratar o assunto drogas com seus filhos e enteados. Há livros e cartilhas de excelente qualidade, já citadas neste site para auxiliar os pais e demais familiares nessa tarefa cada vez mais corriqueira. A consulta com um profissional competente no tema pode ser necessária e, geralmente, é bastante recomendada.
É verdade que muitos jovens experimentam maconha na adolescência e isso, por si só, não significa que eles se tornarão dependentes da droga ou mesmo que usarão outras substâncias. Apesar disso, é importante que os pais estejam bastante próximos dos filhos, conversem abertamente sobre o assunto, estejam certos de que estão sendo ouvidos e de que estão ouvindo, coloquem sua opinião de maneira firme, clara e objetiva.
Um dos fatores mais fortemente relacionados ao uso de maconha por adolescentes é o convívio com colegas e amigos usuários. Você deve sempre estar ciente sobre quem são os colegas e amigos dos seus filhos, com quem eles se relacionam (inclusive virtualmente), como está o desenvolvimento deles na escola ou no trabalho; se existem outros problemas médicos e psicológicos que favorecem o consumo de substâncias.
Quando os pais não conseguem lidar com a situação, eles devem procurar auxílio profissional para que um melhor desenlace seja alcançado. Não é preciso sentir vergonha ou culpa; infelizmente, o uso de substâncias psicoativas por jovens tem sido bastante frequente e requer habilidades para o seu adequado manejo.
Oito estratégias para conversar com sua filha (o):
a) Fale com seu parceiro (esposo). Mesmo se a opinião de ambos for discordante, o casal deve ter um discurso claro e objetivo, que não emita para sua filha qualquer mensagem dúbia. Este é um momento estressante; existe a necessidade de evitar a responsabilização de um ou de outro sobre o consumo de substâncias pelo sua filha. Um pacto de silêncio não é recomendado.
b) Reconheça a importância da dependência química, caso essa exista na sua família. Sabe-se que antecedentes familiares de dependência de substâncias colaboram para o rápido desenvolvimento da dependência entre descendentes. Esta informação pode ser útil durante a conversa com a sua filha, e não há motivo para ter vergonha sobre isso.
c) Tenha paciência. Uma única conversa com sua filha provavelmente não será suficiente. Talvez, haja a necessidade de buscar auxílio profissional qualificado, ou seja, um psicólogo ou mesmo médico psiquiatra especializado em dependências químicas. Mas os pais devem manter um canal aberto para falar sobre o tema, sem constrangimentos ou impedimentos.
d) Deve tratar-se de uma conversação e não de uma confrontação. Demonstre preocupação com a sua filha e com a sua saúde.
e) Evite qualquer forma de julgamento.
f) Durante as conversas com sua filha, é necessária toda a atenção a ela. Não vá para a geladeira tomar água ou atender o telefone neste momento.
g) Não permita que sua filha desvie o assunto para falar sobre outras coisas. Se isso ocorrer, você pode dizer que irá pensar sobre o assunto e conversar melhor depois; mas, no momento, o foco deve ser o seu comportamento sobre o uso de substâncias.
h) Foque no comportamento e não na pessoa. O comportamento de uso de drogas deve mudar. Enfatize que a droga é perniciosa e perigosa e que você está preocupada com a saúde dela.
Não é momento para brigas entre você e seu companheiro. É momento de auxiliar sua filha e isso deve ser feito com calma, conhecimento, afeto e paciência.