Minha depressão pode ser do climatério?

por Joel Rennó Jr.

“Tenho 45 anos e faço tratamento para transtorno de ansiedade e depressão desde 2004. Em dezembro do ano passado comecei a ter tonturas, calor intenso na cabeça, nuca, orelhas e queda de pressão. Às vezes preciso molhar a cabeça. Esse quadro é de depressao ou climatério? Não consigo trabalhar. O barulho e aglomeração de pessoas pioram os sintomas.”

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Resposta: O climatério é conceituado como a fase de transição entre a vida reprodutiva e a não reprodutiva da mulher.

Por volta dos 45 anos, começam a ocorrer variações ou oscilações importantes dos níveis hormonais femininos. Há trabalhos que comprovam a existência de um risco aumentado (duas vezes) de depressão nesse período de vida.

A queda estrogênica (estrógeno: o hormônio sexual feminino) pode levar tanto à depressão quanto aos fogachos ou ondas de calor, conhecidos como sintomas vasomotores. Os fogachos ocorrem porque há uma desregulação do controle da temperatura em uma estrutura do sistema nervoso central, o hipotálamo. O suor é uma tentativa do organismo em compensar tal descontrole de temperatura.

A depressão no climatério pode ser resultado direto da queda estrogênica ou decorrente das ondas de calor que levam à insônia e posteriormente à depressão.

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No periodo do climatério, pode haver também “gatilhos” para os quadros depressivos. Entre os principais, temos mudanças em alguns papéis de vida e na saúde das mulheres (aposentadoria, morte familiar, saída dos filhos de casa, conflitos conjugais e doenças crônicas).

No caso da internauta da questão, o mais provável, portanto, é que os sintomas relatados sejam relacionados aos fogachos do climatério. Ela já tem um histórico pessoal de depressão de duração de quase oito anos. No caso dela, o periodo de oscilação hormonal, por volta dos 45 anos de idade, poderia apenas piorar o curso da doença depressiva.

Mesmo mulheres que nunca tiveram histórico pessoal ou familiar de depressão, podem ter o primeiro episódio depressivo no climatério devido ao aumento do risco gerado pelas oscilações hormonais do mesmo.

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Atenção!

Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracterizam como sendo um atendimento. Dúvidas e perguntas sobre receitas e dosagens de medicamentos deverão ser feitas diretamente ao seu médico psiquiatra. Evite a automedicação.