por Anette Lewin
"Ela faz terapia há dez anos e disse que numa determinada fase da terapia se apaixonou pelo terapeuta, e que isso é um processo normal na terapia (amor de transferência). A gota d' água foi quando cruzamos com seu terapeuta num shopping e tanto ele como ela se cumprimentaram de forma extremamente festiva. Conversamos sobre o ocorrido, mas ela negou qualquer envolvimento. Preciso de ajuda, pois amo minha esposa."
Resposta: A relação de transferência na terapia é bastante comum. Nela, o terapeuta acaba sendo depositário de vários sentimentos da paciente que, na realidade, podem não ser provocados pela pessoa do terapeuta mas sim transferidos a ele em um processo chamado de projeção.
Um exemplo disso pode ser a paciente que transfere ao terapeuta sentimentos afetivos que tem, por exemplo, em relação ao pai.
Qualquer pessoa casada sente um certo incômodo com manifestações afetivas de seu cônjuge direcionadas a outra pessoa. Muitas vezes existem comparações e cobranças. Talvez, segundo sua percepção, sua esposa foi mais "festiva" com o terapeuta do que costuma ser com você. Pode até ser verdade. Pessoas que se veem todos os dias não precisam fazer muita festa para expressar suas emoções. A escolha de viver junto fala por si.