por Anette Lewin
“Descobri isso e não sei como devo agir para que ela não perca a confiança em mim.”
Resposta: Sua preocupação como mãe, nos dias em que a comunicação com pessoas "do bem" e "do mal" está fartamente disponível, procede, e muito!
Uma menina de 11 anos, cuja formação moral, social, intelectual e emocional mal começou, pode sim ser vítima de pessoas mal intencionadas que acabarão interferindo nessa formação de forma nociva. Mas tirar um jovem da frente do computador não é tarefa fácil. Proibir apenas não resolve; castigar tirando o acesso às redes sociais muito menos. Então as palavras de ordem são educar e acolher afetivamente para que o controle possa ser exercido sem pressão e sem ameaças.
Tarefa difícil? Sim. Mas não impossível.
Você parece ser uma mãe presente e com um bom relacionamento com sua filha. Ponto para você. Mantenha esse contato sempre ativo, conversando sobre suas próprias atividades e estimulando-a a falar sobre as dela. É claro que com 11 anos, sua filha estará muito mais interessada em conversar com as amigas e amigos do que com você. Afinal, nessa idade o adolescente, (sim, uma menina de 11 anos nos dias atuais já é uma adolescente!) precisa de um grupo em que possa se espelhar; precisa se comportar como seu grupo de referência para se sentir aceita; precisa testar sua capacidade de despertar o interesse de alguém da sua faixa etária para levantar sua autoestima.
Então, como despertar o interesse dela em conversar com você? Através de atividades em conjunto e não de lições de moral. Vocês podem, por exemplo, ver um filme e comentar sobre ele, fazer compras e selecionar juntas o que vale e não vale a pena comprar, cozinhar juntas… enfim, qualquer atividade que seja também do interesse dela.
Não se incomode se de vez em sempre ela ficar irritada querendo terminar logo o programa para voltar correndo ao computador. Nessa idade elas querem se manter o tempo todo controlando o que acontece nas redes sociais. Aliás, não são só elas. Quase todos estão vivendo ainda o encantamento com as redes sociais de uma maneira obsessiva. Assim, aceite esse comportamento e tente perceber quais os momentos em que outras atividades podem ser propostas. Certamente não na hora em que ela está no meio de um joguinho interessante ou no meio de uma conversa com alguém.
Por outro lado, é importante combinar como ela organizará seu dia para que as obrigações, como por exemplo, lição de casa, refeições e banho não sejam negligenciadas. Quanto às conversas com desconhecidos ou conversas que sinalizam propostas de encontros amorosos reais, e aí entra a preocupação que levou você a escrever para o Vya Estelar, cabe uma supervisão mais rígida.
Conversas estranhas
É importante definir o que você quer dizer com "conversas estranhas". Provavelmente são tentativas de sedução, ou de tirar sua filha do virtual para um encontro real. Aí cabe a você colocar limites. Provavelmente ela ainda não sai sozinha, não é? Então a possibilidade desse encontro acontecer é remota. Também não parece que ela caracteriza uma menina rebelde.
Você é uma mãe presente e a confiança entre vocês existe. Afinal, você não teria medo de perder uma confiança que jamais existiu, não é? Assim sua filha, tendo uma mãe que supervisiona e acolhe, dificilmente se lançará num ato de rebeldia arriscado ou um "namoro" irresponsável.
Em famílias com mães ausentes é mais provável que o adolescente se deixe influenciar ou ser manipulado por quem não conhece. E se encante com propostas românticas sem medir consequências. Sim, quando ele tem afeto dentro de casa essa possibilidade diminui muito. Mas ficar de olho é sempre bom.
Não espere que sua filha conte tudo o que faz para você. Nem que faça de você sua única confidente. Esteja, porém, aberta para falar sobre os assuntos ou dúvidas que ela trouxer, de forma sucinta. Nada de textões ou verborreias sem fim. Respeite a individualidade dela estando por perto, mais como um apoio do que como uma vigilante repressora. Use sua sensibilidade para decidir quando é hora de falar e quando é hora de calar, mesmo que esteja com o coração na mão. Você não pode evitar que sua filha leve tombos, mas pode ajudá-la a se levantar quando necessário.
E se com 11 anos ela ainda não está madura para namorar, flertar ou fazer uma escolha amorosa, lembre-se que algumas amigas já terão se jogado na experiência amorosa e ficarão "estimulando" as outras a se jogar também. Nesse momento lembre-se que você já passou por isso e use sua memória afetiva para orientá-la sobre como lidar com sua filha.
Resumindo, redes sociais são uma conquista extremamente útil para a comunicação, mas também cheias de armadilhas para jovens adolescentes ingênuos e incautos. É dever dos pais, como manda a lei, supervisioná-los e orientá-los até que completem 18 anos e estejam prontos para se responsabilizar por suas escolhas. Assim, assuma seu papel de mãe com firmeza, sem receio de "se intrometer" quando achar necessário.
Certamente é bem melhor ser uma mãe chata do que uma mãe ausente.
Empenhe-se com afinco na tarefa de educar e terá sua consciência tranquila. Dá trabalho, mas vale a pena.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.