Da Redação
Não se trata de defender o ato de mentir: uma atitude antiética.
Mas não é exagero dizer que não sobreviveríamos em nossa sociedade sem uma eventual mentira. Todo mundo mente para evitar situações constrangedoras ou até mesmo para agradar alguém, e essas pequenas mentiras fazem com que a prática seja socialmente aceita. A partir do momento em que as invenções se tornam permanentes e o indivíduo passa a vivenciá-las, a situação pode se reverter para um transtorno chamado mitomania.
De acordo com a psicóloga Sarah Lopes, a mitomania é um quadro psiquiátrico, e pessoas próximas devem fazer o alerta, já que muitos que possuem a doença não estão cientes de suas criações. “O distúrbio envolve uma mania por mentiras, mesmo que não haja necessidade alguma. Semelhante ao quadro compulsivo, o sujeito, na maioria das vezes, não percebe que está mentindo”, explica.
A psicóloga Fabíola Luciano complementa: “A Doença da Mentira, mitomania, se caracteriza pela tendência à mentira compulsiva. A pessoa passa a assumir um estilo de vida baseado sempre em histórias que ela inventa e divulga entre as pessoas que conhece”. E completa: “Na maioria das vezes, como as mentiras são tão variadas e constantes, o mentiroso compulsivo acredita realmente que viveu as experiências narradas, apesar desta ser uma linha tênue. O mentiroso patológico pode contar desde mentiras corriqueiras e cotidianas, sem nenhum impacto para si ou para os outros, até mentiras que sejam de grande proporção, em ambos os casos a pessoa não se sente compelida a revelar a verdade, ao contrário, ela segue sustentando a mentira como se fosse a mais pura verdade.”
Quando se trata de mentira compulsiva (em que a pessoa não consegue parar de mentir), que interfere nas relações familiares, sociais e no julgamento racional do cotidiano, podemos afirmar que estamos falando da mitomania.
O hábito obsessivo e excessivo se difere da prática consciente. “O mentiroso compulsivo é aquele que sempre cria algo diferente da realidade. E, mesmo diante da verdade, não se convence e cria novas histórias para tentar corrigir o lapso anterior”, explica Sarah.
O mitomaníaco tem como sintoma, mentir sem necessidade e com objetivos aparentemente supérfluos para enaltecimento próprio, criando ou valorizando excessivamente os fatos. Apesar da mentira não ser levada à sério, a doença existe: “a mitomania pode ser vista até como brincadeira, muitas vezes acaba sendo a marca registrada de alguém, mas, é um transtorno psiquiátrico e deve ser tratado”.
Tratamento
A partir de avaliação clínica é feito o diagnóstico para iniciar o tratamento, e a família e amigos podem contribuir com informações para identificação do problema. O tratamento dependerá do grau da patologia. Na maioria das vezes a psicoterapia pode ser eficiente, porém nos casos graves, recomenda-se o uso de psicotrópicos.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.