Da Redação
Cada pessoa é única. A máxima vale tanto em seu sentido mais amplo, humanista, como sob o prisma médico-científico. Quanto a esse último, as diferenças entre os indivíduos são particularmente relevantes.
Os avanços da medicina moderna já identificam com clareza que as pessoas diferem em inúmeras características como tamanho do coração, massa muscular, diâmetro ósseo, tipo de fibra muscular, distribuição de gordura, flexibilidade, dentre tantas outras.
Por outro lado, são reconhecidas as vantagens dos exercícios físicos periódicos para a saúde. Sabe-se igualmente que, em razão das diferenças individuais, a avaliação médica é imprescindível na prática de tais exercícios, bem como seu acompanhamento. É notório que alguns obtêm mais rapidamente os objetivos a que se propõem quando se dedicam a atividades físicas em poucas semanas, em alguns casos, enquanto outros têm de suar durante meses para obter resultados idênticos.
Daí a importância de cada pessoa conhecer e respeitar suas características e seus limites. A boa notícia é que a medicina conta hoje com equipamentos capazes de evitar uma indesejável sobrecarga no organismo, eventual estresse ou demanda maior que o parâmetro adequado, impedindo assim comprometimento sobre o sistema fisiológico, ou mesmo, a função cardíaca.
Há padrões e regras cientificamente comprovadas que, se respeitadas as diferenças individuais, pode-se alcançar os inegáveis benefícios dos exercícios físicos sem colocar em risco a saúde de seu praticante. Só para citar alguns exemplos, já está estabelecido pela literatura médica que pessoas obesas, hipertensas ou com moléstias cardíacas devem priorizar a caminhada como exercício, três vezes por semana, por período de 40 minutos e buscando manter 50% e 70% da frequência cardíaca máxima.
No passado, seguir recomendações como essas envolvia um conjunto de dificuldades. Atualmente, porém, a medicina e os indivíduos podem contar com uma moderna e acessível tecnologia, assim como profissionais gabaritados para a prática segura da atividade física que, recomendável em qualquer caso, agrega, além dos benefícios à saúde, prazer, alegria e autoestima.
Um desses equipamentos é o monitor cardíaco, conhecido tecnicamente como frequencímetro. Antes restrito ao uso de atletas profissionais em corridas ou mesmo caminhadas de grande esforço, o sensor atualmente se torna acessível a um grande número de pessoas que busca a segura e saudável prática de exercícios físicos.
Não por outra razão é recomendado pelos médicos a indivíduos que se submeteram a cirurgias cardiovasculares ou têm propensão a alguma doença cardíaca. Embora não haja contraindicação para o monitoramento cardíaco por aparelhos, a prescrição de um médico para cada caso é crucial. É esse profissional que está apto para determinar, em cada caso específico, qual o risco de se manter o batimento cardíaco acima da frequência máxima ou, ao contrário, apontar quando a manutenção desse parâmetro em nível muito baixo pode tornar a prática do exercício absolutamente inócua.
O fato a se comemorar é que, graças à tecnologia, a salutar prática dos exercícios físicos se torna cada vez mais acessível a um grupo crescentemente amplo de pessoas. E o melhor é que esse avanço não para. Em breve, as pessoas poderão fazer o monitoramento da frequência cardíaca utilizando os próprios celulares.
Com isso, multiplicam-se as possibilidades de aumento da qualidade de vida de parcelas mais abrangentes da população, reduzem-se os riscos inerentes às peculiaridades e limitações de cada individuo e, principalmente, assegura-se a popularização de práticas como a dos exercícios físicos, os quais, certamente, produzem incontáveis benefícios à saúde pública.
Fonte: Américo Tângari Junior é especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira. Integra a equipe de Cardiologia no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.