"Eu e meu noivo estamos juntos há mais de cinco anos e em breve pretendemos nos casar. Ambos temos 22 anos e já estamos morando juntos. Mas ultimamente, estou em dúvida se devo ou não me casar com ele. Sinto que muitas vezes ele se apresenta como uma pessoa imatura. Depois de várias discussões, ele acaba reconhecendo e muda, mas não demora muito para voltar a cometer os mesmos erros. Ele é um homem muito amoroso e gosta de mim de verdade, mas por outro lado, age com um adolescente, promete coisas que não consegue cumprir, fica no videogame até tarde e esquece de encontros que combinamos. É normal essa imaturidade dele?"
Resposta: Talvez a sua pergunta deva ser reformulada da seguinte forma: "Quero continuar meu relacionamento com meu noivo ou prefiro viver novas experiências amorosas? Quero formar uma família com meu noivo ou prefiro procurar outra pessoa com quem me sinta mais segura?"
Sim, porque depois de 5 anos de namoro, noiva, e vivendo junto com ele, casar é apenas um detalhe menor da questão. Afinal, casada ou não, se as coisas não derem certo, vocês irão se separar. Se derem certo, ficarão juntos. Assim, talvez você tenha que voltar sua atenção e seus questionamentos para um maior entendimento do que funciona e do que não funciona em seu relacionamento.
O que mais incomoda, segundo sua percepção, é o que você classifica como "imaturidade" em seu noivo: ficar no videogame até altas horas, prometer coisas que não consegue cumprir, esquecer dos encontros que combinaram. Será que todas essas atitudes sinalizam mesmo apenas um comportamento imaturo ou são sinais de falhas de caráter? Sim, porque "ficar até altas horas no videogame" até pode ser entendido como uma atitude provisória, que será substituída por outras mais produtivas, mas "prometer e não cumprir" e " esquecer dos encontros combinados"… são comportamentos que podem estar associados a problemas de caráter e não é garantido que mudem.
Assim, tente entender o que significa compromisso para você e o que você espera de uma pessoa com quem você convive amorosamente. Porque assumir um relacionamento esperando que os comportamentos mudem com o tempo é arriscado. Existe até uma brincadeira com esse assunto que diz: "As mulheres se casam achando que o homem vai mudar com o tempo e ele nunca muda; os homens se casam esperando que a mulher continue sempre a mesma e elas mudam". Existe um fundo de verdade nisso, se observarmos os casamentos de perto. O homem idealiza a mulher romântica, do início do relacionamento, e quer que ela apenas permaneça assim para sempre. Já a mulher se vê como um instrumento de transformação do homem e sonha com todas as reformas às quais quer submetê-lo durante o relacionamento para que fique do jeito que ela gosta. Nada disso dá certo! A mulher certamente conseguirá reformar sua casa, mas não seu parceiro. A não ser que ele queira mudar. E, no seu caso, não dá para afirmar que ele queira.
Assim, se você optar por continuar esse relacionamento, evite ficar enumerando e se estressando com os defeitos de seu namorado. Aceite-o com seus defeitos e qualidades e mude comportamentos seus ao invés de tentar mudar os dele. Se ele promete e não cumpre, evite arrancar promessas dele, não vai adiantar. Trace seus objetivos pessoais e tente atingi-los para se sentir bem com você mesma; divida com seu noivo os momentos que funcionam entre vocês. Se vocês se sentirem bem nos momentos que passam juntos, independentemente de quantos sejam, a tendência é que tanto ele quanto você queiram repetir esses momentos. Agora, se cada momento de convivência se resumir a um mar de cobranças e queixas, certamente ele os evitará, encontrando estatégias para fugir deles.
Morar junto com alguém pode ser uma forma de testar como funciona a divisão do cotidiano com uma pessoa diferente; é um bom termômetro para avaliar como cada um lida com seu dia a dia, como cada um se comporta frente a pequenos desafios, como cada um se comporta frente às concessões que tem que fazer e frente ao que recebe do outro. Não significa porém que é um passo indispensável para um bom relacionamento. É uma escolha que alguns adotam, outros não. Assim, não existe um período ideal de convívio pré-casamento. Cada casal deve ir definindo seus passos de acordo com a intimidade adquirida e a vontade de estreitá-la ainda mais. Existem inclusive casais que não gostam de conviver no mesmo ambiente, ou dormir no mesmo quarto. Estranho? Nem tanto. Relacionamento deve fazer algum sentido para quem está envolvido nele. Independentemente do seu formato.
Assim, repense seu relacionamento de forma a evitar cair em clichês sobre casar ou não casar, morar junto ou não. Tente avaliá-lo de forma a entender se os momentos de convivência valem a pena. O resto é detalhe.