por Regina Wielenska
Impossível mensurar quantas mudanças alguém pode enfrentar na vida.
É interessante notar que para uma dada criança a nova escola pode significar a perda do ambiente familiar e o contato, gerador de muita insegurança, com uma escola onde tudo é desconhecido e assustador. Para outra criança mudar de escola pode representar a oportunidade potencial de se fazer novos amigos, ter acesso a aulas diferentes, professores mais legais, etc.
Há quem encare o novo emprego como um tormento, mesmo que talvez fosse a chance de ter seu talento visto por mais pessoas, de aprender muitas coisas num universo corporativo diferente do habitual. Descasar também é assim, há os que simplesmente blasfemam contra o ex-cônjuge, ficam congelados na vida de sempre, que agora parece não se ajustar à mudança de status civil.
Em suma, nossa vida está plena de situações de mudança, que poderão ser encaradas como uma interferência indesejável na monotonia do cotidiano ou vistas como a chance de ampliar horizontes, de aprender um novo idioma, de fazer outras amizades, de conhecer lugares diferentes.
Quem se prende excessivamente ao passado e rejeita ferrenhamente o novo, protesta as perdas e não olha para o que a vida transformada pode lhe propiciar de melhor. Não estou afirmando que lidar com mudanças é fácil. Mas tem gente com um triste talento para piorar tudo.
A pessoa que muda de bairro poderia circular a pé, puxar prosa com o jornaleiro, o caixa da padaria, o balconista do mercadinho. Apresentar-se aos vizinhos talvez ajude, quebra-se o gelo logo de cara. Ler guias sobre a região para a qual se mudou, participar da vida comunitária da nova região, frequentar o parque, a igreja, o cabelereiro, a reunião do condomínio, tudo pode servir de ponte entre recém-moradores e habitués daquela localidade.
Ficar de olhos atentos, descobrir as normas locais de etiqueta. Beijo, abraço ou dar a mão para saudar alguém? Se for beijo, é um ou dois? Isso independe de idade, sexo ou estado civil?
O essencial é ousar um bocadinho a cada dia, deixar de lado ideias preconcebidas e experimentar a retomada da solteirice, um namorado não bate à porta, montado em cavalo branco.
Como paqueram os divorciados de mais idade?
O que vale é se abrir para a experiência, munir-se de muita flexibilidade, condição essa que pode trazer recompensas inesperadas. Eventuais erros, insucessos e decepções precisam ser entendidos como acidentes naturais de percurso, comuns à vida de toda pessoa, especialmente em contextos dos quais pouco se conhece. Se falhar, analise as razões do fracasso, e planeje estratégias melhores.
Siga em frente, sereno e com saudável curiosidade pelo que a vida ainda pode lhe oferecer. O passado, aquilo que se foi, do qual voluntária ou involuntariamente você se separou, agora tudo isso faz parte de sua história, do passado.
Enriqueça seu presente, é dele que se origina um futuro melhor, então plante boas sementes, já que a safra poderá lhe surpreender.