por Roberto Goldkorn
Semana passada assisti ao último capítulo da minisérie Gabriela. A mocinha da trama foi colocada num convento pelo avô tirano, para evitar que vivesse um grande amor com seu arqui-inimigo político.
Essa solução “conventual” foi no passado muito mais utilizada do que se imagina, para reparar desvios de conduta da norma moral vigente. Moças que se “perderam” (perderam sua virgindade antes do casamento, ou pior, ainda engravidaram), eram enviadas na melhor das hipóteses para um convento. Na pior das hipóteses eram banidas socialmente e obrigadas a cair nas sombras da prostituição.
Não vamos falar daquelas que simplesmente eram assassinadas pela própria família (como recentemente aconteceu na Índia).
Essa legião de “transgressoras sociais” ficam marcadas de forma profunda em seu currículo cármico, e quando reencarnarem terão uma etiqueta espiritual onde esse passado estará descrito com letras invisíveis mas que irão moldar sua vida. A essas mulheres marcadas pela cultura da intolerância, em geral com fortes componentes religiosos chamo de * mulheres azuis.
Como reconhecer uma mulher azul?
Em sua imensa maioria elas não têm casamentos duradouros (cinco a sete anos) e lhes resta apenas um filho para criar. Mas podemos ver mulheres azuis sem ter tido nem mesmo a experiência de um casamento embora, posam “ostentar” em seus currículo um ou mais casos de paixão proibida (em geral com homens casados). Em todas um fator comum: a solidão, o vazio amoroso e as vezes social.
Como numa vida anterior foram apartadas do jogo sentimental, familiar (maternidade como fator e complicação social) elas não costumam ter programas de família consistente, marido, filhos, sogra, papagaio, almoço de domingo, etc. Ao contrário, o trauma de uma gravidez causadora de um infortúnio de longa duração fica ativado por muito tempo na vida atual. Embora os costumes tenham mudado os programas de vida passada alojados em “camadas” profundas do inconsciente, estão atuantes e somados à ausência de laços familiares não têm potência para gerar novos laços que sejam profundos e duradouros.
As mulheres azuis sofrem na vida atual pela intolerância dos costumes de tempos que embora já tenham ido, ainda têm ecos no mundo atual. Apenas uma ressalva para os sociólogos de plantão: Não estou julgando com olhos contemporâneos costumes do passado. Sei que isso é leviano, pois cada época tem sua cultura e é refém dela.
Apesar disso é fundamental entender esse passado (ainda tão presente) para que não sejam repetidores de regras e costumes que nada têm a ver com a felicidade humana. O passado infelizmente não passa de forma definitiva, nós o arrastamos pelas vidas até que possamos ter controle espiritual sobre ele e verdadeiramente renascer.
Mulheres azuis, precisam entender qual foi a sua programação na vida passada, o que receberam como punição pelos seus “pecados”, pois isso é fundamental para a sua libertação. Foi o convento? Para saber disso, verifiquem familiares (pai ou principalmente mãe) muito religiosas, baixa energia sedutora, o vazio sentimental, raros relacionamentos e em geral apenas uma filha.
Se seu destino foi a prostituição, serão muito sedutoras (mas só vão atrair homens-encrenca), sexualidade alta porém geradora de conflitos (costumam se vítimas de abuso sexual em sua infância adolescência), relacionamentos proibidos (homens casados em sua maioria), histórico de abortos, e um filho homem. Não é obrigatório que todas as características estejam presentes, mas pelo menos três já é uma forte indicação de qual o tipo de “programa” marcou seu destino atual.
Claro que existem outras possibilidades geradoras de mulheres azuis na vida atual, mas são de um grupo minoritário e esse não é o espaço adequado para desenvolver de forma tão aprofundada esse assunto.
O importante é entender o programa herdado para assim tentar anulá-lo. Como? Em primeiro lugar ter consciência de que não há nada de “errado” com você. Depois gerar um programa de identificação do padrão: que tipo de relacionamento eu atraio? Como começa? Quais os sentimentos ou emoções que estão ativos o tempo todo e que alimentam esses relacionamentos furados?
Desativar os programas investindo tudo na sua não repetição, mesmo que isso lhe custe um tempo de solidão. Ter mais controle da cabeça e deixar menos o coração ou a fonte sexual ditar os rumos da sua vida sentimental. Não ser refém do amor e do sexo. Trazer as rédeas de sua vida de volta para as suas mãos. Tudo isso requer MUITO esforço, empenho, sacrifícios, e contenção!
Desprogramar estruturas antigas e complexas não é uma tarefa fácil nem rápida, mas o contrário e estar condenada a repetir e realimentar programas perversos que em geral foram implantados pela cultura social de uma outra época.
Se há uma luta que vale a pena ser lutada e vencida é essa. Libertar-se do passado, essa sim é a verdadeira e luminosa LIBERTAÇÃO.
Mulher azul: O termo Mulher Azul foi cunhado por mim há cerca de quinze anos, e seria o titulo de um livro, mas acabei desistindo e no lugar escrevi Solidão Nunca Mais. A ideia de Mulher Azul veio da constatação de que o azul é uma cor para designar aqueles ou aquilo que está fora da curva. Por exemplo, o termo once in a blue moon, quer dizer muito raramente, pois se refere a uma fenômeno de duas luas cheias numa só lunação, o que é raro. Outro fator inspirador foi o fato de Krishna ser retratado como sendo um ser azul, facilamente reconhecível nas ilustrações com seres comuns. Muitos anos mais tarde vi com surpresa a criação do termo "crianças índigo", que nada mais é do que o azul. Assim as Mulheres Azuis vêm não com a missão de casar, ter filhos e constituir uma familia, mas de ter de lidar com sua solidão afetiva e ser a sua própria familia, pelas razões que o texto explica.