por Roberto Santos
"Estou há dois anos em um escritório, porém não vejo possibilidade de ascensão. Recentemente fui chamada para um processo seletivo de uma empresa multinacional de veículos. Na primeira entrevista com a empresa de RH, fui informada que havia possibilidade de crescimento na empresa; este foi o motivo pelo qual me interessei. Fui aprovada para a segunda fase, e no final da entrevista, questionei se havia plano de carreira, como a primeira entrevistadora tinha me dito. O entrevistador, que era um diretor da multinacional, respondeu agressivamente dizendo que não tinha nenhuma possibilidade de crescimento e, a partir daí, senti que ele estava querendo que eu mesma desistisse da vaga ali mesmo. Fiquei muito chateada com essa situação, mas é claro que no momento não demonstrei, mas a minha questão é a seguinte: Não devo questionar sobre os planos da empresa com relação ao futuro profissional dos seus empregados?"
Resposta: Pelo seu relato, a primeira conclusão que você pode tirar é de que essa empresa não seria uma daquelas boas empresas para se trabalhar, pois o cerceamento de sua pergunta logo na entrada pode ser um bom indicativo do clima que encontraria no cotidiano da empresa.
Você e todos os candidatos têm todo direito de perguntar sobre as condições atuais do emprego oferecido e uma estimativa de futuro que pode esperar na empresa. Note bem… estimativa!
Tenho um artigo publicado no Vya Estelar na coluna Gestão Pessoal que trata justamente de Plano de Carreira (Plano de carreira? Esqueça, você não vai ter um! – veja aqui) e como o termo pode gerar expectativas frustradas e até mesmo um mal entendido numa entrevista, o que não acho que foi seu caso.
Em nosso mundo cada vez mais complexo, diverso e global e em mudanças turbulentas e constantes, nenhuma empresa pode afirmar que tem um plano de carreira para um funcionário como algo certo que será concretizado num tempo estimado.
O que as empresas podem e deveriam oferecer é um conjunto de informações sobre os "caminhos de carreira" possíveis dentro da estrutura da empresa e o que é necessário para cada "parada" nesse caminho. Depois cabe a cada um estar o mais bem preparado para ser considerado para a oportunidade almejada e ter um canal para comunicar suas aspirações de carreira.
O protagonista nesses caminhos de carreira é o próprio funcionário e não mais a empresa. Entretanto, sua pergunta foi sobre os "planos da empresa com relação ao futuro profissional dos seus empregados" e não sobre qual seria seu plano de carreira.
Quando o diretor da empresa responde agressivamente que não haveria nenhuma possibilidade de crescimento na empresa, ele pode ter desejado fazê-la desistir e você deve achar ótimo, pois entrar numa rua sem saída é perda de tempo, não? Melhor sorte na próxima entrevista e não deixe de fazer perguntas sobre o que lhe é de direito.