por Antônio Carlos Amador
O ciúme é um sentimento que surge como consequência de um exagerado desejo de possuir algo ou alguém de forma exclusiva.
Geralmente se refere ao desejo de posse da pessoa amada, entendendo como tal não só o parceiro ou o cônjuge. A conduta ciumenta também pode ocorrer em outras formas de amor, como na relação dos pais com os filhos e na amizade.
As crianças podem ter ciúmes de seus irmãos ou de outras crianças, na tentativa de conservar todo o afeto dos pais, de forma que seja dirigido exclusivamente para elas.
Não desejam dividir o carinho dos pais porque pensam que esses vão querer menos a eles, já que pensam que o amor tem uma dimensão quantitativa e que se o dividirem com alguém obterão uma porção menor. A isso pode-se adicionar a fantasia de que o carinho e a atenção dos pais vai se deslocando para os demais, e que eles acabarão gostando mais dos outros.
É possível que algo similar suceda a um dos pais, que pode temer perder o carinho de seu filho se esse se dirige ao outro. Outras vezes simplesmente desejam, de forma mais ou menos inconsciente, todo o carinho do filho para si, sentindo ciúme, com medo de que seu filho queira mais o outro genitor. Também pode haver ciúme nas relações entre os pais e o genro ou a nora. Os ciúmes entre a sogra e a nora, sobretudo quando se trata de um filho único, são relativamente frequentes, como se nenhuma das duas quisesse dividir formas distintas de amor.
Durante a adolescência são frequentes os ciúmes entre amigos. É a época dos amigos íntimos, com os quais se pode compartilhar quase tudo. A chegada de uma nova amizade pode ser vivida como algo que põe em perigo as qualidades específicas dessa relação que não se deseja ampliar, nem compartilhar.
Contudo, os ciúmes mais comuns são os que ocorrem entre os amantes. Nesses casos, o desejo exagerado de posse e de exigência egocêntrica própria de todas as formas de ciúmes adiciona-se à exigência de fidelidade mais ou menos pactuada e o desprestígio social que pode surgir da infidelidade. Além disso, especialmente no caso dos homens, o objeto de amor, a mulher, pode ver-se deformado pela infidelidade, perdendo as características da idealização do objeto amado.
Os mais inseguros podem pensar que por trás de uma relação amorosa com outra pessoa se pode perder o objeto amado, porque esta resulta mais atrativa em seu conjunto para seu parceiro, ou então que, por simples comparação, seu parceiro descubra o pouco que ele vale na realidade. No amor conjugal é onde se dão as atitudes verdadeiramente ciumentas, já que se pode aliar o sentimento de ciúme a uma conduta de espionagem ou de vigilância do parceiro. No fim das contas "ser ciumento" não significa outra coisa senão "vigiar", "ficar alerta". E essa situação de contínua desconfiança gera uma grande tensão emocional no ciumento e no seu parceiro, que se sente continuamente acossado, vigiado, interrogado, geralmente sem motivos.
A vida de um casal tem um dos grandes pilares na comunicação franca e sincera e na confiança mútua. Os ciúmes podem produzir uma grande deterioração na relação e acabar com ela.
Finalmente, hoje em dia, com o excessivo apego em nossa cultura aos bens materiais, uma pessoa pode vir a sentir ciúme de um objeto, como de um automóvel por exemplo. Nesse caso ela não o empresta a ninguém, reservando-o exclusivamente para o próprio desfrute, por considerá-lo como algo íntimo e pessoal, além do fato de pensar que outros poderão danificá-lo.