por Elisandra Vilella G. Sé
É muito comum na nossa sociedade a ideia que de as pessoas mais velhas não amam da mesma forma que os jovens. Que lhes é permitido o amor pelos netos e pela família. Como se ficasse reservado aos velhos qualquer amor que seja assexuado.
Quando trazem à tona sentimentos adormecidos, revivem emoções, lembranças e mostram desejos, os filhos e a sociedade ficam perplexos e apavorados, por acharem que não estão preparados para amar mais uma vez.
Geralmente a família diz ao idoso, você está louco, como se a pessoa tivesse que esperar chegar o fim da vida sem poder vivenciar outras experiências e novas emoções. Na verdade, o amor na velhice é da mesma forma e tão intenso quanto na juventude. Só que vivido com mais experiência.
O amor, a paixão, a sexualidade não estão condicionados apenas ao nosso corpo físico, nem atrelados exclusivamente à idade biológica. E estão inscritos também nos universos que tratam da cultura, da história e de nossa subjetividade. Não é porque a idade já ultrapassou uma determinada marca, que as pessoas não irão se apaixonar de novo, como também os apaixonados não deixarão esse sentimento de lado em função de normas ou regras sociais.
Relógio social
No mundo em que vivemos, a regra é ordenar, organizar, classificar, categorizar os nossos comportamentos e sentimentos de forma definida, para seguir um relógio social. É destinado aos jovens o amor, a paixão, a paquera, a sensualidade, a sexualidade, a reprodução da espécie e para os mais velhos, fica imposto o comportamento de cuidados com a saúde, a espera da morte, a compensação das perdas, o cuidado com os netos, etc.
No entanto, essas categorias institucionalizadas pelo ser humano os prejudicam a viver a vida plenamente, aprisionando os desejos, os sentimentos, as emoções, os prazeres. O amor, a paixão e a sexualidade fazem parte de toda a vida.
Padrão estético de associar sexualidade a corpos jovens é errôneo
O padrão estético também imposto pela vida moderna, que atribui ao jovem um status a ser atingido, também é prejudicial. Como se o amor, a sexualidade, não pudesse ser associado às imagens de corpos envelhecidos, somente ao belo e ao novo. O amor fica então aprisionado nos corpos jovens e deixa os mais velhos desprovidos de expressar seu amor, como se fosse feio, algo não aceitável.
Para as mulheres, a situação é mais complicada. Após a menopausa, o que inviabiliza a concepção, a vida em si, muitas mulheres acreditam que a função sexual deve ser aposentada. Do mesmo modo que muitos parceiros acreditam que não são capazes de obter um bom desempenho sexual após certa idade.
Se o envelhecimento tem um efeito negativo sobre a integridade do sistema nervoso que modula a excitação, pode bem haver mudanças comportamentais e subjetivas na experiência da emoção na velhice. Pesquisa realizada pelo gerontólogo dos Estados Unidos Richard Schultz mostrou que pessoas idosas experienciam emoção e afeto mais ou menos com a mesma intensidade das pessoas mais jovens, porém suas experiências de vida podem revelar mais eventos negativos ou positivos. Pessoas idosas experienciam emoções e afetos por mais tempo e mostram uma menor variabilidade nos estados emocionais de dia para dia. Assim, os relacionamentos e a emoção na velhice ganham merecido destaque.
Embora haja mudanças relativas à idade no domínio fisiológico, os casais idosos são mais positivos em suas expressões afetivas. É certo que com o passar do tempo nosso corpo sofre determinadas mudanças, mas não o suficiente para calar nossos desejos. Nada impede que as pessoas com mais idade tenham uma vida amorosa e prazerosa. O amor também contribui para a preservação da saúde física e mental. A paquera, o namoro, o flerte, o amor, o desejo, a sexualidade, a paixão pode e devem estar presentes em todas as pessoas de mais idade e não só nos jovens. Não podemos deixar de vivenciar aquilo que faz bem. Você é que muda e faz seus conceitos. Namore sempre e ame intensamente.
“O Amor é uma jornada” – Elisandra Sé
Começa com sentidos encapsulados entre olhares.
Sentidos que para terem significados, tem de ser mutuamente muito bem interpretados.
Sobretudo identificados.
Sentidos que se revelam aos poucos nos gestos
E depois escorrem pela boca.
Em palavras que nos aproximam e que nos tensiona.
Que não entra pelos ouvidos.
Balançam as artérias e aceleram o coração.
É uma caminhada de buscas incessantes
De conquista, de sedução.
Que precisa de paciência, mistério, magia, controle, confiança, romance, esperança,
subordinação, ousadia, iniciativa, decisão, compaixão,
tolerância, divisão, renúncia, ilusão.
Às vezes pode vir acompanhado de negação, tensão, desilusão e omissão.
Uma jornada de intenções e expectativas.
Para uns é uma viagem de negócios.
Um compartilhar de experiências.
Um trabalho em equipe, organização, resolução de problemas, horários, projetos, reuniões.
Para outros um simples passeio turístico.
Passamos o ponto da superação.
Superar amarguras, tristezas, angústias, desculpas, limites, rancor, raiva.
E acima de tudo, superar desafios.
Nunca sabemos ao certo aonde vai chegar.
Mas não deixamos de planejar a viagem.
Na vida a dois, desejamos ser um só.
Mas sabemos que existe a dualidade, a privacidade, a identidade.
E assim vamos seguindo de mãos dadas.
Às vezes se perde no mapa, precisando de guias,
caronas, apoios, consolos, conselhos.
Precisa de conhecimento, criatividade, inventividade, reflexividade.
Uma proficiência do amor.
Na falta de entendimento, nasce as incertezas.
Nesta jornada não pode faltar a saudade….
Ela é o combustível que na falta reacende sentimentos.
Na mala vão as lembranças que carregamos.
Individuais e em conjunto.
E assim vai se consolidando o álbum.
O transporte pode ser um navio, um avião, um carro, uma bicicleta….
Não importa como é carregado, trasnportado.
O que interessa é pra onde é a passagem.
O amor é realmente uma jornada…..
É o nascimento e a imbricação de duas almas para viverem uma paixão.
Cumprindo uma missão.