por Roberto Goldkorn
Entrei em contato com o reencarnacionismo da pior forma possível: através do hinduísmo que acredita na possibilidade de reencarnarmos como uma barata ou uma formiga!
Essa era uma tese que contrariava tudo aquilo que eu havia aprendido e com o bom senso. Mesmo dando o desconto do estranhamento natural que existe entre culturas tão diferentes, eu não engolia aquilo.
Aos poucos fui entendendo como uma concepção original foi se degradando pelos filtros de uma cultura espiritual supersticiosa como a da sociedade indiana.
A partir daí fui buscar outras fontes que apoiavam a tese da reencarnação e encontrando aquelas onde me sentia confortável – em casa.
Isso foi há 40 anos. De lá para cá, a transmissão de memória de vida passada passou a fazer parte estrutural da minha visão de mundo e das minhas abordagens profissionais.
O trabalho de buscar causas originais para as dificuldades atuais, muitas vezes depois de esgotadas as alternativas "racionais", levava a um recuo no tempo… mais precisamente a uma existência anterior.
Quanto mais avança a tecnologia da informação e nos tornamos "íntimos" do mundo virtual, mais fácil fica compreender os eventuais mecanismos de transmissão de memória de vida passada, sem termos de aceitar ideias encharcadas de ignorância e superstição.
O assunto é sem dúvida complexo e cheio de sutilezas, mas pode ser sumariado dessa forma:
O espírito é uno, habita dimensões fora do alcance e do entendimento ordinário ( a Teosofia até dá nomes a esses "planos", mas prefiro me incluir fora dessa arena), se projeta em extratos "inferiores" por diversas razões que vão de: curiosidade, necessidade de alimento mais denso, apegos, compaixão, atração irresistível, afinidades, doação, etc. dependendo de muitas variáveis entre elas o nível de evolução do mesmo.
O espírito nunca reencarna, o que faz essa trajetória é a sua manifestação Formal, que conhecemos como Ego. E funciona como uma troca de fantasia e às vezes de cenário e de coadjuvantes, enquanto o verdadeiro ator continua o mesmo. Embora não exatamente o mesmo, uma vez que cada encenação/encarnação tira e põe novas experiências, ensinamentos, conexões que são criadas, outras desfeitas, etc.
Não existe um motivador moral nesse processo como acreditam alguns. A reencarnação não é como um processo educativo onde se passa de ano até chegar a faculdade, depois fazemos o mestrado, o doutorado, etc. Não há também a finalidade moralizante ou penalizante. Não se reencarna para pagar dívidas ou para pagar penas por crimes cometidos contra alguma Lei cósmica. Doutrinas que pregam esses princípios estão atreladas aos valores morais e culturais humanos. A natureza espiritual não funciona conforme essas regras camaleônicas e sujeitas à temporalidade.
Se pudermos elencar apenas dois motivadores para esse fenômeno eu diria: apegos e compaixão. Claro que existem outras miríades de causas motivadoras da reencarnação e a mais corriqueira para 90% da humanidade é: atração pelo magnetismo terrestre. Ou seja, por que reencarnam? Porque não conseguem deixar de fazê-lo. Estão tão imantadas pelos átomos planetários, pela materialidade de nosso plano tridimensional e seus encantos, que a coisa acontece meio automaticamente, como se fosse natural e não houvesse outra forma de existir.
Tentar moralizar esse processo ou lhe dar tonalidades religiosas é preservar os enganos antigos e municiar os céticos.
Não existe como checar se fui uma formiga ou barata em algumas das minhas existências (tenho de acreditar nos veneráveis Sadhus de longas barbas e corpos esquálidos), mas os principais programas/memórias da vida anterior deixam rastros e não poderia ser diferente. Esses rastros estão espalhados por aí. Podem ser recuperados através de acesso a estratos mentais menos conscientes como o faz a terapia de vida passada, pode ser levantado pela astrologia cármica e pela numerologia/grafologia que é a minha praia de onde tiro as ratificações para a minha tese. Mas essa já é outra história.